WOOD FRAME
PARTE I

Wood frame é um sistema construtivo com montantes e travessas em madeira, exatamente o que indica a tradução do nome.

É fato que a madeira é vista frequentemente como um material não-durável porque é suscetível à deterioração biológica e ao ataque de térmitas (cupins). Na falha de uma construção em madeira, a percepção do público geral é que esta é uma consequência prevista do uso da madeira. A “culpa” é colocada no material e não no projetista e/ou no construtor, mesmo se a causa do problema é uso inadequado, detalhamento incorreto ou um erro de execução.

Afinal, a durabilidade de um produto, de um componente ou de um sistema é sua capacidade de executar por um período de tempo especificado a função pretendida, seja segurança, trabalhabilidade ou estética estrutural. Por isso, a questão da durabilidade, sempre foi, e ainda é uma das principais barreiras quanto ao uso da madeira como sistema estrutural na construção civil. A falta de durabilidade é relacionada como um grande limitante para que a madeira seja empregada em uma série de aplicações, principalmente quando se trata de espécies de menor durabilidade natural. As exigências de projetistas e consumidores associados ao maior rigor das especificações normativas conduzem a uma qualidade crescente dos materiais aplicados na construção civil, sendo a vida útil do material um parâmetro de extrema importância. Assim sendo, considerações sobre a durabilidade dos componentes de construção vêm ganhando uma ênfase cada vez maior, havendo cada vez mais necessidade de prolongar a vida útil e controlar os custos de manutenção totais dos produtos usados na construção.

Cada vez mais estão sendo solicitados controle e racionalização no uso dos materiais, principalmente de origem florestal, com vistas à proteção do meio ambiente e conservação das florestas nativas. A exigência do emprego de madeira certificada e/ou de procedência tem que ser uma premissa no uso consciente da madeira.

Sistemas Estruturais em Madeira
Dentre os sistemas mais conhecidos, destacam-se:

Log house – É o sistema mais antigo e rústico conhecido, frequentemente encontrado em países frios e em regiões montanhosas. São construções de madeiras roliças (log = toretes de madeira), dispostas horizontalmente uma sobre as outras formando uma parede. Caracterizam-se por empregar madeira maciça, combinando as funções estruturais às de vedação. Como maior desvantagem, tem-se o alto consumo de madeira, porém, a grande seção da peça, aliada a baixa condutibilidade térmica da madeira acaba sendo um bom quesito para a sua utilização, com uma boa eficiência termo-acústica.

A primeira evolução dos processos construtivos foi a substituição das peças roliças por pranchas ou vigas de madeira maciça.

A sequência dessa evolução foi a adoção de montantes para a fixação das pranchas, que permitem o uso de peças menores para a vedação, e atribuem maior rigidez ao conjunto e proporcionam maior número de aberturas.

Os princípios técnicos das construções em madeira maciça sobrepostas deram origem a alguns dos sistemas construtivos atuais, principalmente os que utilizam os elementos maciços como responsáveis pelas funções estruturais e de vedação, como por exemplo, prancha sanduíche de madeira aglomerada com polipropileno, pranchas de painéis aglomerados e cimento, entre outros.

A partir do século XIX, o desenvolvimento industrial inovou dois aspectos fundamentais para a evolução dos modos de construir em madeira:

  1. As serrarias mecanizadas produzindo peças serradas em dimensões padronizadas, e de grandes comprimentos, e
  2. Produção dos elementos metálicos para ligações, que permitiu à técnica tradicional do entramado estrutural, originar os sistemas estruturais nervurados atuais como o Balloon Frame e o Platform Frame.

Pórticos leves ou Light Frame Construction
Dentre os sistemas estruturais, o tipo sanduíche é comum na América do Norte e Europa, onde se distinguem os painéis light frame ou pórticos leves de madeira, que pela sua estrutura são classificados em sistema balão e sistema plataforma:

  1.  Sistema Balão (Balloon frame) Baseia-se no sistema de “peças longas” e utiliza pregos como conectores. É indicado, principalmente, para edifícios de 2 andares, com elementos verticais (montantes) contínuos nos dois níveis, formando um esqueleto no qual se apoiam e vinculam as vigas dos pisos. Como neste sistema os montantes são contínuos, desde a viga de base até o respaldo, passando pelo piso e terminando na prancha de suporte dos caibros da cobertura, necessita de peças longas (altura de dois pavimentos). Pela sua concepção é necessário terminar a estrutura vertical antes de se construir o piso.

Atualmente o sistema Balão já não é tão executado devido às dificuldades inerentes ao processo construtivo. A trama alta e estreita dificulta sua industrialização e a montagem no canteiro.

  1. 2. Sistema Plataforma (Platform) É um sistema simples e baseia-se em peças de pequenos comprimentos. Primeiramente se constrói uma plataforma no primeiro piso (térreo) e se levantam os painéis (pré-fabricados), com altura igual ao pé direito do primeiro andar e sobre esses painéis se constrói a plataforma do segundo andar, e assim por diante.

É possível construir a obra em etapas, independentes nos vários pisos, e, ainda, pode-se usar a própria plataforma para montagem dos painéis laterais.

Este sistema apresenta as seguintes características:

  1. inexistência de hierarquia entre os elementos da estrutura;
  2. vários elementos com pequenas dimensões;
  3. as ligações são simples, essencialmente pregadas.

O processo construtivo consiste em formar uma trama composta por montantes de pequenas seções (4”x 2”) espaçados normalmente entre 40 e 60 cm. As travessas de contraventamento são fixadas na metade da altura do plano vertical.

Dessa forma, o processo permite a pré–execução do entramado em fábrica, em forma de painéis e travessas, de fácil transporte para o canteiro.

Afinal, há uma corrida mundial para a construção do edifício em madeira mais alto do mundo.
Este avanço das construções em madeira se apoiam em dois pilares: a racionalização da forma de construir, que permite a industrialização dos processos, com menos resíduos e desperdício no canteiro de obras, e o forte apelo ambiental. A substituição da tradicional dupla aço e concreto reduz as emissões de CO2 do processo construtivo em mais de 60%, segundo estimativas.

Sistemas Construtivos em Madeira
Dentre os sistemas mais utilizados no Brasil pode-se citar:

  • Painéis de parede – pranchas encaixadas horizontalmente
  • Painéis sanduíche ou paredes duplas
  • Painéis de parede – tábuas verticais com mata-juntas
  • MLC – Madeira Laminada Colada
  • CLT – Madeira Laminada Cruzada

Quer conhecer os sistemas construtivos em madeira mais utilizados no Brasil, não perca a edição 39 da Revista da Aetec!

Sistema estrutural tem como definição uma organização, ou seja, um sistema que disposto de tal forma cria estruturas com diversificadas funções. Material estrutural é o que se utiliza para criar estes sistemas de modo que estes supram as necessidades do sistema para a função determinada.

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Sistema Construtivo é definido como o conjunto das regras práticas, ou o resultado de sua aplicação, de uso adequado e coordenado de materiais e mão-de-obra se associam e se coordenam para a concretização de espaços previamente programados.

Quer saber mais sobre esses edifícios? Acesse:
https://www.valedocedro.com/single-post/2019/02/14/esses-s%C3%A3o-os-6-
edif%C3%ADcios-de-madeira-mais-fascinantes-do-planeta
https://florestalbrasil.com/2021/06/o-edificio-de-madeira-mais-alto-do-mundo-e-alguns-
outros.html

Cíntia Monteiro. Arquiteta e Urbanista pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e mestre em Habitação pelo IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo.
Docente nos cursos de graduação e pós-graduação de Arquitetura e Urbanismo, Design de Interiores, Engenharia Civil e de Produção.

Matéria da revista AETEC nº38 edição.

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