O QUE É ÉTICA NA GESTÃO?

Gostaria de abordar um assunto que está na moda e por si só é um tanto polêmico e, por vezes, subjetivo. Por mais que este assunto esteja ultimamente muito presente na mídia e nas rodas de conversas principalmente nos assuntos políticos, ainda é difícil estabelecer consenso sobre o que é ter ética ou ser ético e, muito menos em como definir uma maneira prática para tal questão, tanto no âmbito profissional como no pessoal. É claro que existem comportamentos e práticas que claramente se mostram fora de uma classificação ética por ser tão absurdos quanto possíveis como traição, roubo, mentiras etc. Mas existem situações corriqueiras em que pequenos fatos estão muito presentes no nosso dia a dia e sobre os quais podemos achar “normal”, conviver naturalmente e talvez até quem sabe praticar algo antiético justamente porque todo mundo faz!

Não vou aqui abordar as questões existentes em todas as esferas nem muito menos tratar de assuntos de filosofia ou antropologia até porque não é minha especialidade e tem muitos profissionais da área neste assunto. Mas vamos refletir um pouco este assunto em um ambiente de projeto onde temos muito a explorar.

Muitas vezes nos deparamos com questões que conflitam com os objetivos do projeto ou da organização e que nos sentimos acuados em tomar uma decisão que ora pode satisfazer a necessidade de uma parte em detrimento de outra. E aí? Onde entramos com a ética? A ética pode variar conforme o lado em que se esteja ou da ocasião em que ela ocorra?

Uma certa ocasião, no ano de 1.999, numa sala de espera de um aeroporto do interior do Brasil, conheci um superintendente de uma grande empresa nacional e, num determinado momento, a assunto foi a questão da ética no mundo profissional e meu interlocutor momentâneo disse algo parecido com isso- “Meu caro, não se iluda com este assunto de Ética, na realidade ela só existe quando todos estão ganhando ou estão do mesmo lado, é só dar problema nessa relação que cada um usa o que mais lhe convém e a Ética vai para o lixo!”, para mim que estava começando com a minha empresa de consultoria no meus trinta e poucos anos foi como uma bomba!

Nossas ações devem ser balizadas pelo senso crítico do “Se posso fazer o que quero fazer em público então, estou sendo ético!” e, numa relação empresarial sermos transparentes entre nosso time e com os clientes. Assim, não abalaremos nossa credibilidade e teremos a confiança dos nossos pares. Portanto, todo o time do projeto você deve ser idôneo e coerente quanto às suas ações lembrando que, sendo o time liderado por um gerente do projeto, é este que deve promover e dar o exemplo de credibilidade, tanto dentro do time quanto externamente, ou seja, junto aos clientes e a própria organização.

Mesmo que nos deparemos com situações onde a própria organização nos impele às ações e atitudes duvidosas é melhor optar por não tomar ações que firam nossa consciência e manchem sua carreira do que tomá-las apenas para manter o emprego. Mesmo em tempos difíceis a ética tem que prevalecer.

Recomendo o bom senso para driblarmos as dificuldades e tentarmos provar, a quem for de direito, que o melhor caminho será sempre por meio da ética.

Rogério Sagliocco. Tecnólogo em Mecânica com especialização em Processos de Soldagem pela Unesp, pós graduado em Gerenciamento de Projetos pela Escola Politécnica-USP.

Matéria da revista AETEC 35º edição

Revista online

Boa leitura!