O DESAFIO DA MOBILIDADE NA CONSTRUÇÃO DE CIDADES INTELIGENTES

Sabia que uma pessoa que vive nas periferias paulistas e trabalha na região central de São Paulo costuma levar quatro horas diárias de deslocamento, entre idas e vidas? Isso vale tanto para quem utiliza o transporte público quanto para quem tem carro próprio mas fica parado no trânsito. Para falar a verdade, esse cenário também não está restrito às grandes metrópoles, pois já é o caso da Região Metropolitana e até o interior está sendo afetado pela falta de planejamento urbano voltado para a mobilidade, como Cotia, Barueri.

Segundo os dados levantados, até 2030, será mais  rápido ir à pé de Jundiaí para São Paulo do que de carro

É o que o relatório apresentado pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo(Crea-SP) ao governo estadual mostrou. Segundo os dados levantados, até 2030, será mais rápido ir à pé de Jundiaí para São Paulo do que de carro. Uma distância de cerca de 60 quilômetros, a depender do trajeto escolhido.
Isso, é claro, se nada for feito até lá.

Não bastasse todo esse tempo perdido, que é tempo de vida que poderia ser dedicado em atividades de lazer, estudos ou descanso, há ainda uma outra preocupação: com a saúde das pessoas, pois a exposição constante aos gases de efeito estufa emitidos pelos automóveis, caminhões e demais veículos no trânsito, ou o estresse gerado no transporte público lotado e demorado, podem ocasionar problemas respiratórios e cardiovasculares.

O que isso tudo nos mostra é que é preciso instigar na área tecnológica e no poder público iniciativas para transformar essa e outras realidades. Com alcance em todo o Estado, o Crea-SP busca provocar nos profissionais das Engenharias, Agronomia e Geociências o desenvolvimento de projetos voltados para os desafios de suas regiões. O caso da mobilidade é apenas um exemplo de que é possível mudar de forma organizada, conforme o relatório que o Conselho apresentou reunindo projetos para equilíbrio logístico por meio da integração de modais de transportes. E este é um desafio que os municípios precisam solucionar imediatamente para garantir eficiência no futuro. A solução não é simples, mas se resume, essencialmente, em políticas públicas e engenharia.

Temos muito a enfrentar. Os Colégios Regionais de Inspetores do Crea-SP, que este ano já passaram por Sorocaba e Atibaia, alcançando mais de 1500 participantes, entre profissionais da área tecnológica e gestores públicos, é uma ferramenta para o debate das cidades inteligentes. Por meio dos encontros, levantamos propostas de saneamento básico, acessibilidade, agricultura, desenvolvimento urbano e habitação, com recortes de valorização profissional e a presença das mulheres nas profissões, a partir de diagnósticos locais, para criar outros relatórios que serão base para as soluções que tanto almejamos. São esses relatórios, produzidos a partir do conhecimento técnico, que servem de base para a viabilização de políticas públicas e efetivação de ações voltadas para a melhoria da qualidade de vida da sociedade.

Afinal, o que já sabemos é que a gestão dos municípios deve ser trabalhada nos diferentes níveis da administração pública municipal, estadual e federal. E, ao olhar para outras referências, dentro e fora do País, podemos notar que cidades inteligentes são integrativas. Portanto, façamos isso nas áreas que colocam o nosso país no caminho do desenvolvimento socioeconômico e sustentável.

Vinicius Marchese é engenheiro de telecomunicações e presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP)

Sobre o Crea-SP – Instalada há 88 anos, a autarquia federal é responsável
pela fiscalização, controle, orientação e aprimoramento do exercício e das atividades profissionais nas áreas da Engenharia, Agronomia e Geociências. O Crea-SP está presente nos 645 municípios do Estado, conta com cerca de 350 mil profissionais registrados e 95 mil empresas registradas.

Contatos para a imprensa: crea-sp@cdicom.com.br (11) 98609-1837 • Giovanna Gravina: (11) 96971-2695
Thais Fernandes: (11) 95025-3390 • Juliana Sampaio: (11) 9444-05683 • Marianna Marimon: (11) 98939-3350

Matéria da revista AETEC nº48 edição.

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