INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NA ENGENHARIA CIVIL

Temos muitas dúvidas para entender, exatamente, a inteligência artificial (IA). Cada um trata a ideia de forma distinta — afinal, estamos falando de assunto muito novo para a grande maioria dos engenheiros.
Mesmo assim, ela é um diferencial na engenharia, área em que a competitividade é muito grande e rapidamente absorve os avanços tecnológicos.

Características principais da inteligência artificial?

Já comentamos que não há um consenso quanto a isso. Mas, geralmente, as seguintes características estão presentes: capacidade de aprendizado e autonomia.
Todos os robôs (como chamamos qualquer software de IA) preenchem esses requisitos, ou não seriam muito diferentes de sistemas automatizados. E é justamente essa capacidade de aprender e operar de forma quase independente de seres humanos que diferencia a IA das demais ferramentas de automação.

Capacidade de aprendizado

Em sistemas autônomos não robotizados, há softwares capazes de realizar tarefas sem o auxílio humano. Todavia, seus algoritmos são programados para fazer sempre as mesmas tarefas, e sempre da mesma forma. Ou seja, essa aplicação vai precisar ser atualizada sempre que você precisar que ela realize uma nova tarefa.
Já os robôs têm capacidade de aprendizado e não estão presos a realizar somente a tarefa inicial para que foram programados.

Autonomia

Uma vez que são postos em funcionamento, os robôs não precisam de um operador humano para executar suas tarefas. E podem repetir as tarefas exaustivamente sem cometer quase nenhum erro.

Como a inteligência artificial pode ser utilizada na engenharia?

Tarefas rotineiras
O Instituto de Robótica e Sistemas Inteligentes de Zurique da Suíça criou um robô capaz de reproduzir diversas tarefas humanas em um canteiro de obras.
Ele é capaz de manipular diversos materiais de construção, como o concreto fresco, andar por terrenos desnivelados e montar as estruturas sistematicamente com uma precisão milimétrica. Tudo isso com uma taxa de erro próxima de zero!
E o melhor é que essa mão de obra robótica não veio para substituir o trabalho humano, mas para se integrar a ele e aperfeiçoar os seus resultados.

Big data

O Big Data é uma tecnologia tão incrível que pode ser aplicada em quase todas as áreas imagináveis. E, recentemente, temos visto que ele veio mesmo para ficarem nos mais diversos canteiros de obras.
A maior universidade de tecnologia e engenharia do mundo, o Massachusetts Institute of Technology, já vem utilizando o Big Data para a coleta e análise de informações para a criação de parques eólicos, por exemplo.
Assim, é possível analisar o comportamento dos ventos nos locais onde vão ser construídos os parques e, assim, aperfeiçoar a instalação das pás eólicas. E, por meio da triangulação de dados, consegue-se determinar quais são as direções em que elas devem ficar para produzir mais energia.
De fato, a construção de parques eólicos pode parecer algo distante. Porém, essa mesma tecnologia pode ser utilizada para construir carros mais seguros. O Big Data pode determinar quais são as principais vulnerabilidades de um determinado carro, por exemplo, e promover alterações na marca para a próxima temporada.
Já na construção civil, é possível reunir dados de milhões de acidentes para descobrir quais são as principais áreas de edifícios que sofrem mais com desastres naturais, como terremotos e enchentes.

Impressão 3D

Você já imaginou construir estruturas mais simples apenas com o auxílio de impressoras 3D? Com o avanço da inteligência artificial, será possível programar impressoras para montar estruturas pré-moldadas e pré-fabricadas.
Grande parte da estrutura será realizada por robôs. Assim, a mão de obra humana será utilizada principalmente para as fundações e a execução dos projetos hidráulicos e elétricos, além da etapa do acabamento.

Prédios inteligentes

Com a AI, o conceito de inteligência está dominando todas as áreas do nosso cotidiano. Temos hoje objetos inteligentes, meios de transporte inteligentes, e até já estão chegando as construções inteligentes. Mas, afinal, como eles serão? Os sensores de movimento, por exemplo, poderão ser instalados e conectados em rede para garantir um consumo de energia otimizado, ligando as luzes apenas quando necessárias. Sensores de temperatura, por sua vez, poderão regular a potência dos ar- condicionados de acordo com a necessidade.
Diante disso, em um futuro breve, também fará parte da vida do engenheiro civil — além do projeto de estrutura física — o planejamento de uma infraestrutura inteligente, capaz de facilitar a vida dos habitantes.

Gestão mais eficiente

Outra área que se beneficia bastante da IA é a gestão de obras.
Existe hoje uma ferramenta chamada de Robot Process Automation (RPA), que é um robô criado para manipular outros sistemas digitais. Com ele, se você tem várias plataformas — como um CRM e um ERP, por exemplo —, é possível fazer a comunicação entre elas e realizar o cruzamento de seus dados.
Desse modo, você elimina os erros que aconteceriam caso uma pessoa assumisse essa tarefa.

Atendimento ao cliente

Frequentemente, no ramo da engenharia focamos somente na parte técnica, nos esquecendo de que a área depende muito da satisfação do cliente. Afinal, caso ele saia insatisfeito com a condução de um projeto, isso pode prejudicar a imagem da construtora no mercado.
Por isso, é preciso contar com um suporte constante, para tirar dúvidas, gerar segunda via de documentos, ou mesmo ouvir as reclamações do cliente. E a inteligência artificial também é útil nesse sentido.
É possível programar robôs de atendimento para compreender as perguntas que seus clientes fazem, e respondê-las. Eles podem, inclusive, acessar serviços personalizados, como segundas vias de boletos.
Com todos esses avanços da inteligência artificial, nos próximos anos veremos uma engenharia cada vez mais precisa, rápida e acessível. Assim, poderemos ver muitos dos cenários dos filmes de ficção científica se tornar realidade!
Os edifícios se adaptarão às necessidades humanas com maior sustentabilidade, por exemplo, devido à integração da IA com a internet das coisas. E edifícios inteiros poderão ser construídos com a ajuda de robôs, tornando os processos mais rápidos e baratos. Enfim, todos só temos a ganhar!

Alvaro Sergio Barbosa Junior, Me Prof. Eng. Civil

Material da revista AETEC nº29 edição.

Revista online.

Boa leitura!

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