INOVAÇÃO E TECNOLOGIA NO SETOR PÚBLICO: O QUE FALTA PARA A TRANSFORMAÇÃO EFETIVA?
Você já imaginou um serviço público inteligente e que efetivamente atenda todos os nossos cidadãos? Apesar de parecer uma realidade distante no Brasil, essa transformação pode ser alcançada com uma mudança importante: a Plataforma de Compras Públicas para Inovação (CPIN), lançada pelo governo federal no mês de novembro, e que representa mais um passo para a eficiência da administração pública brasileira.
A parceria entre o Ministério da Economia (ME), o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), com apoio do Instituto Tellus, chega para facilitar e assegurar a contratação de soluções para os serviços públicos. A ação pode, de fato, modificar profundamente o setor público ao abrir as portas para que empresas e investidores trabalhem iniciativas voltadas para a sociedade e suas necessidades.
A diferença que existe na praticidade dos serviços privados para os públicos vem de um atraso na legislação brasileira quando falamos de inovação e na falta de implementação da cultura de empreendedorismo social no país.
Na prática, a realidade é que as soluções inteligentes ainda não integram, efetivamente, serviços de atendimento às demandas da população.
Se faltam formas legais de levar a inovação, não faltam brasileiros que buscam soluções. Dados de um levantamento realizado pela Cortex, mostraram, por exemplo, que o Brasil detém cerca de 12 mil startups, sendo que metade desse total está localizado no estado de São Paulo (49,7%). E o mundo está de olho neste mercado: as startups brasileiras receberam US$ 9,4 bilhões em investimentos em 2021, de acordo com o relatório anual Inside Venture Capital. O que propulsionou o perfil inovador do país, que, neste ano de 2022, figura na 54ª posição no Índice Global de Inovação, segundo a análise de mais de 130 nações divulgada pela Organização Mundial de Propriedade Intelectual em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Isso só demonstra que a tecnologia é a principal ferramenta da transformação que buscamos para a geração de soluções que otimizam processos, garantem eficiência, provocam multidisciplinaridade e conexão de equipes e alcançam o desenvolvimento de forma sustentável. Desta forma, poderemos, enfim, ter cidades mais inteligentes, inclusivas, produtivas e atentas às necessidades das pessoas. Nós também queremos ser agentes desta transformação.
As apostas em ambientes de interação, como hubs de inovação, bancos de startups (o Crea-SP abriu um em outubro deste ano) e, agora, a CPIN funcionam como facilitadores no processo de resolução desses desafios que são de todos nós e também dos gestores públicos.
Vinicius Marchese é engenheiro de telecomunicações e presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP)
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