ESTRUTURAS METÁLICAS: PASSADO, PRESENTE E FUTURO

Autor: Eng. Waldecyr Pereira da Silva
Colaboração: Eng. Luiz Roberto Cardoso

Por que as estruturas metálicas “não pegam no Brasil? As razões são culturais, educacionais, comerciais? O setor está preparado para atender às demandas? De uma forma simplificada vamos voltar os olhos para o Passado, passar pelo Presente, tentar entender o que se passa e prever o Futuro próximo. Passaremos pelas etapas da obtenção de uma estrutura metálica, Projeto, Fabricação e Montagem, considerando a produtividade destes processos.

UM OLHAR PARA O PASSADO

A produção de estruturasmetálicas no Brasil iniciou-se com a CSN produzindo perfis e chapas a partir de 1946. Anteriormente as estruturas eram importadas, como por exemplo, o Viaduto da Santa Ifigênia na cidade de São Paulo, de 1913, fabricado na Bélgica, ainda em utilização. As Estruturas Metálicas vieram para atender às necessidades da rápida industrialização. De país agrícola passamosà industrialização. Vieram a implantação das fábricas de automóveis, a “linha branca”, a construção de Brasília e a própria indústria siderúrgica. Fábricas de estruturas de porte se instalaram para atender com agilidade e prazos curtos as necessidades urgentes de construção e ampliação. Depois de 1970, em virtude de crises internacionais, o setor viveu altos e baixos culminando com a crise de 2013 a 2018. O setor hoje atende aos Arquitetos, Engenheiros e Técnicos com alta Produtividade, munido de alta tecnologia aplicada ao Projeto, Fabricação e Montagem. Por que empregar estruturas metálicas na construção civil? São virtudes da aplicação das estruturas metálicas: Alta resistência; Fácil fabricação e montagem; Rapidez de instalação; Fundações mais leves em função do menor peso estrutural; Reciclável; Passível de reforços para ampliações; Aplicada a qualquer tipo de estruturas. Por que então a baixa utilização de Estruturas Metálicas no Brasil? À baixa utilização de Estruturas Metálicas no Brasil, o setor reage com um jeitinho bem conhecido de imputar a culpa aos outros. Eles dizem, a culpa é dos: Arquitetos, que não pensam em Metálicas; Engenheiros, com baixa carga horária da disciplina na formação; O Governo que taxa mais o setor; As Siderúrgicas que não tem interesse privilegiando o setor de Automóveis, “linha branca” e outros. Esta reação não resolve nada…
Olhando para o Passado, considerando o Presente e vislumbrando o Futuro podemos trazer novos dados para incentivar a maior utilização no Brasil.

A EVOLUÇÃO PROJETO

De 1950 a 1990, temos os projetistas e engenheiros trabalhando internamente nas fábricas, com projetistas em suas pranchetas, utilizando tecnigrafos, desenhos em papel vegetal, nanquim e cópias heliográficas.
A Produtividade é limitada pelos equipamentos disponíveis. Se há mais encomendas contratam-se mais projetistas e compram-se mais pranchetas. O pessoal é formado nas Fábricas. Os engenheiros calculam com réguas de cálculo. Muitos imigrantes vieram para o Brasil depois da Segunda Guerra Mundial trazendo o modo europeu de cálculo e detalhamento das estruturas. Em 1972, surgem as primeiras calculadoras de bolso, mas isto não reflete em aumento da Produtividade. Os engenheiros antigos eram “craques” nas réguas de cálculo. Em 1990, popularizam-se os computadores pessoais. Aí sim, há um aumento da Produtividade no Cálculo, os engenheiros se libertaram dos grandes computadores caros e lentos. Este salto na produtividade foi acompanhado dos programas de projeto e detalhamento de estruturas, tipo AutoCad, ainda em 2D (plano). O Projeto começa a integrar Cálculo, Desenho e Detalhamento. A partir de 2000, vem os programas 3D. A Produtividade aumenta vertiginosamente. Os PCs aumentam a capacidade de processamento e se tornam mais baratos. Programas de projeto e detalhamento automático estão também integrados.

2019

O Setor está preparado para o Futuro, comprogramas de Cálculo , Projeto e Detalhamento mandando as informações para a Fabricação eletronicamente.

2025

Não haverá mais desenhos, haverá Modelos. Eles estarão nas salas de Projeto, nas Fábricas e na Montagem. Cada setor pode utilizar o seu “botão” e selecionar o que lhe interessa.

Na Montagem, óculos 3D, possibilitarão aos Engenheiros visualizar as estruturas futuras que chegarão na obra.

Fabricação: De 1950 a 2000, a Fabricação não aumentou a sua Produtividade. As Fábricas de Estruturas tinham mercado cativo, as fábricas de automóveis, utilidades, ferramentas. Os clientes eram basicamente a indústria. Não se pensava ou não se tinha tempo de pensar em produtividade.

Se haviam mais encomendas compravam-se mais máquinas de soldas e parafusadeiras. Não havia máquinas modernas nem era possível importar. Prensas excêntricas ou hidráulicas faziam o trabalho pesado.

2000

As fábricas procuram abrir novos mercados. Voltam-se para as obras comerciais e residenciais. Isto é possível com a importação de equipamentos de controle numérico de alta produtividade. O setor conta com empregados mais escolarizados.

O Planejamento integral e a diminuição dos prazos aliados à melhor qualidade, são possíveis com a utilização dos computadores pessoais. O rastreamento do material é possível.
Uma chapa de ligação é identificada e sabe-se a sua chapa de origem, data de laminação, fornecedor, etc…

2019 A 2025

O setor está preparado para atender ao Mercado de Construção a custo e prazos competitivos

Montagem: De 1950 a 2000, a Montagem é a atividade mais pressionada. Ela tem de viabilizar os prazos acordados sem ter equipamentos pesados. Utilizam-se “mastros”.
A inventividade e criatividade são cruciais para o atendimento dos prazos. A Produtividade é baixa.

2005

Surgem os equipamentos modernos, guindastes de grande capacidade e gruas. Aumento geométrico da produtividade.

2025

O Futuro chegou e promete muito mais. O gráfico de Produtividade x Tempo, sintetiza o exposto anteriormente.

Nota-se a baixa produtividade do setor tanto em Projeto quanto Fabricação e Montagem no século XX. No século XXI, o setor moderniza-se e está hoje apto a atender os anseios dos Arquitetos, Engenheiros e Consumidores com produtos de elevada técnica e precisão.

Conclusão: Agora quase tudo é possível. Temos as ferramentas necessárias. O setor está preparado para colocar o Brasil entre os países de alta utilização de estruturas metálicas, derrubando a rejeição, agora irracional. Futuro trará oportunidades para quem se qualificar e o momento para isto é já!

Matéria da revista AETEC nº23 edição.

0 respostas

Deixe uma resposta

Want to join the discussion?
Feel free to contribute!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *