IMPORTÂNCIA DA MANUTENÇÃO DAS ESTRUTURAS NAS EDIFICAÇÕES

Eng.º Lucas F. Silveira – Sócio da ASJ Engenharia e Consultoria

 

O grande protagonista na percepção da sociedade a respeito da necessidade de manutenção foi sem dúvida o incidente do Viaduto da pista expressa da Marginal Pinheiros, ocasionado em novembro de 2018. A obra em questão foi concebida na década de 70, onde a maioria das obras de arte espalhadas pelo o Brasil também foi edificada.
Segundo a NBR 8681/03 (Ações e segurança nas estruturas – Procedimento), ficou fixado que as estruturas devem ser dimensionadas considerando-se distribuições de extremos correspondentes a um período convencional de

referência de 50 anos.

O mesmo valor também foi adotado na NBR 15.575/13 (Norma de Desempenho), onde a mesma afirma que a fim de que seja alcançada a Vida Útil de Projeto (VUP) para a estrutura e seus elementos, devem ser previstas e realizadas manutenções preventivas sistemáticas e, sempre que necessário, manutenções com caráter corretivo. Estas últimas devem ser realizadas assim que o problema se manifestar, impedindo que pequenas falhas progridam, às vezes rapidamente, para extensas patologias.
Qualquer edificação que tenha sido projetada, executada e manutenida segundo as mesmas normas, tendem a ter uma vida útil longínqua, sem a necessidade de correção ao longo desse período.
Porém, é sabido que para evitarmos transtornos no decorrer dos anos, toda edificação deve passar por inspeções periódicas, a fim de se identificar e corrigir possíveis problemas antes mesmo que eles possam se tornar agentes agressivos à edificação.
Infelizmente, estruturas de concreto armado sofrem uma degradação natural com o passar dos anos, tornando-se obrigatória a execução de intervenções para garantir a integridade da edificação. No entanto, muitas dessas intervenções são executadas de forma emergencial, gerando maiores riscos, custos e transtornos a todos os envolvidos.
Se analisarmos que a primeira norma a citar a necessidade de se dimensionar uma obra com VUP de 50 anos, contanto que feita as manutenções, foi elaborada no ano de 2003, e anteriormente a isso, não se tinha essa concepção, o que pensar a respeito das grandes obras que hoje já completam mais de 40 anos?
Por esse motivo fica a dúvida se realmente estamos seguros em relação às obras executadas no mesmo período do viaduto supracitado.
As maiores e mais importantes estruturas no Brasil, são em sua grande maioria obras pública, e dificilmente as mesmas passam por manutenções e inspeções periódicas, então é plausível pensar que as obras em questão dificilmente alcancem os 50 anos de idade.
Um item tão importante como a manutenção das estruturas deveria ser amplamente discutida entre todos os profissionais da área, somente assim poderemos evitar problemas graves como os que vêm acontecendo com certa periodicidade.
Fazendo uma simples comparação, quando se compra um veículo automotor, toda concessionaria frisa ao seu cliente da necessidade de manutenções e revisões periódicas, e o mesmo deve se aplicar quando um imóvel é concebido, devendo ser analisado e reparado frequentemente os diversos itens que possam vir a dar problemas com o passar dos anos.
A manutenção das estruturas é uma atividade extremamente necessária que possibilita manter o desempenho da edificação, a falta ou a demora das ações para a prevenção e a reparação de estruturas comprometidas resultam em graves riscos, já que a degradação estrutural poderá gerar grandes prejuízos à estética, redução da vida útil além do risco à segurança devido à possibilidade de colapsos e acidentes com consequências sérias para os ocupantes e para a vizinhança da edificação.
Embora consideradas necessárias, as atividades de manutenção geralmente não são realizadas, sendo muito comum encontrarmos problemas como infiltração de água nas estruturas, fissuração e corrosão das armaduras.
Todos esses problemas podem ser facilmente evitados, caso haja manutenção e inspeção com acompanhamento de um profissional habilitado, afinal, somente um especialista na área, poderá auxiliar e evitar maiores prejuízos a qualquer estrutura.
Vale sempre ressaltar que o profissional sozinho não tem autonomia para sanar todos os problemas, afinal, o contratante deverá ter a consciência da necessidade da manutenção e seguir fielmente todas as instruções designadas pelo profissional contratado.

Matéria da revista AETEC nº23 edição.

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