QUEM CRIA, NASCE TODO DIA…
JAIME LERNER

Prefeito do Brasil se tornou um guru global do planejamento urbano. Jaime Lerner, que morreu aos 83 anos, encontrou maneiras baratas de mover as pessoas por Curitiba e reviver o centro da cidade” Esse foi o título na capa do Wall Street Journal em um dia de junho último. O título não resume Jaime (como gostava de ser chamado), aliás, difícil resumir o currículo do Jaime no espaço que esta revista me concedeu para falar sobre esse gigante. Urbanista por essência. Enorme em um trabalho de mutação urbana que prioriza o pedestre, a mobilidade coletiva, solidariedade, sustentabilidade, e sócio diversidade. Bandeiras coletivas tão atuais, inatingíveis em muitas metrópoles mundo afora apesar de toda a tecnologia do mundo contemporâneo, e que foram cuidadas por Jaime Lerner há cinquenta anos atrás, com maestria, transformando sua cidade natal em modelo mundial. Formado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Paraná, em 1964.

Por três mandatos como prefeito de Curitiba, criou e implantou o conceito de transporte integrado e coletivo, realizado por ônibus articulados, em corredores de circulação com canaletas e paradas exclusivas, o projeto é considerado uma das mais bem sucedidas experiências de planejamento urbano do país: eficiente e de baixo custo. O projeto o levou a ser professor de urbanismo nas universidades norte-americanas de Berkeley (CA), Cincinnati (OH), Columbia (NY) e na universidade japonesa de Osaka.

Foi Jaime também quem desenhou o que chamou de “Moderna Curitiba” com conceitos como o fechamento de avenidas para pedestres, como a XV de Novembro e o Calçadão de Curitiba, a obra do Jardim Botânico, da Ópera de Arame e da Rua 24 horas. Anteriormente, já havia alterado a paisagem do centro da capital com o fechamento da Rua XV de Novembro e a instalação do “Calçadão de Curitiba”, o Parque Barigui e o Parque São Lourenço.

As gestões municipais de Lerner resultaram em uma grande evolução na área social, colocou Curitiba como uma das cidades com um dos maiores índices de qualidade de vida entre as principais capitais do globo.

Ensinou ao país a importância da coleta seletiva de lixo e sua reciclagem, eficiente e barata através do seu tangenciável projeto “lixo que não é lixo” no final dos anos 80.

Dos prêmios, o trabalho de Jaime recebeu o Prêmio Máximo das Nações Unidas para o Meio Ambiente (1990), o UNICEF Criança e Paz (1996), o 2001 World Technology Award for Transportantion, o 2002 Sir Robert Mathew Prize for the Improvement of Quality of Human Settlements, pela União Internacional dos Arquitetos, e o Prêmio Volvo Environment Prize 2004. Títulos que traduzem o reconhecimento e a essência humana do arquiteto e líder político que atuou na promoção do bem estar, da qualidade de vida como um conceito essencial de forma única.

Já na década de 90, por dois mandatos consecutivos como governador e com uma política de atração de investimentos produtivos, sob suas mãos, o Paraná se transformou em polo industrial brasileiro, de muita expressividade e autonomia.

Além de Jaime levar seus acertos como prefeito para o âmbito estadual em transporte, uso do solo, educação, saúde, saneamento, cultura e lazer.

Em 2010, o Times coloca Jaime Lerner entre os 25 pensadores mais inovadores do mundo. Em 2018, a Planetizen o elege o segundo urbanista mais influente do planeta, em 2018, ele foi o único brasileiro a figurar na lista dos 100 urbanistas mais influentes de todos os tempos elaborada pela publicação.

Presidente da União Internacional dos Arquitetos durante os anos de 2002 e 2005. Na mesma época, atuou em projetos de Arquitetura e Urbanismo públicos e privados, mundo afora: Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Porto Alegre, Florianópolis, Recife, Havana (Cuba), Caracas (Venezuela), Xangai (China), Luanda (Angola), David (Panamá), Mazatlán (México) e Santiago de Los Caballeros (Republica Dominicana), Angola.

Como disse o próprio Lerner aos 80 anos, quando lhe perguntaram: – Não dá para ser bom em tudo, não é? E ele respondeu: – Mas eu queria…. Tenho certo que todo urbanista, como eu, deseja fortemente conseguir replicar o trabalho de Jaime Lerner mundial e exponencialmente.

Mariana Meneghisso. Arq. Urbanista pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo, Design de Interiores pela Escola Panamericana de Artes. Titular, há 15 anos do escritório Meneghisso e Pasquotto Arquitetura www.pasquottoarquitetura.com.br

Matéria da revista AETEC nº 37 edição.

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