HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: QUANDO PENSO EM HABITAÇÃO POPULAR, PENSO QUE O INTERESSE SOCIAL PRECISA ESTAR À FRENTE DO PROVER MORADIA.

O conceito de moradia para o arquiteto envolve o habitat como um meio de vida comum, e não apenas uma unidade para uso individual das pessoas menos favorecidas. Ou seja, projetar essas habitações inclui um conjunto de soluções que promovam o bem estar, a segurança e a dignidade; a quebra de paradigmas para a transformação do espaço público.
Podemos estudar projetos realizados em outras metrópoles latino-americanas como Bogotá e Medelin, que conseguiram uma motivação popular em prol da moradia de baixa renda quando as intervenções transformaram espaços de favelas e ocupações, com ações de natureza simples, que tornaram possível que os moradores tivessem a auto estima aumentada ao obterem de volta, ou pela primeira vez, a referência urbana do pertencer ao lugar.
Viu-se que ao inserir elementos de arquitetura e convívio social como pequenas praças, hortas pode-se observar as casas do entorno a esses espaços serem limpas, as fachadas sendo pintadas pelos próprios moradores como se despertasse nas pessoas um respeito maior pela casa, pelo espaço em que vivem.
Nestes projetos multidisciplinares, que envolveram arquitetos, urbanistas, engenheiros, sociólogos, psicólogos, etc. subsidiados pela parceria entre ONG´s, poder público e universidades, provou-se que a essência da moradia de interesse social precisa ser a inserção do indivíduo em um meio urbano que o favoreça e permita melhorar, desenvolver-se.
Além disso, que os núcleos de habitação social imersos com critério e cautela quanto ao impacto que irão gerar quanto à mobilidade e o desenho da cidade se mostram elementos transformadores do modo de viver, para que este impacto seja sempre de progresso e bem estar.
É um formato inspirador perto do retrato da moradia social brasileira, que, na última década, muitas vezes, construiu unidades com concepções pobres em solução funcional, ou estética, que priorizavam a baixa qualidade dos materiais e soluções. Aplicadas em regiões afastadas, sem nenhuma ou pouca estrutura urbana ou mobilidade. Em nosso anseio público de prover ao necessitado, vimos o enriquecimento dos construtores e especuladores imobiliários, sem que fosse possível atingirmos a pauta pretendida do trabalho arquitetônico.
Fundamental que a habitação social tenha sempre seu estudo ampliado para o impacto urbano, de modo que os projetos estejam inseridos no contexto das cidades, criando conexões, melhorando o entorno.
Poderíamos insistir em parametrizar e qualificar a parceria do arquiteto e do engenheiro junto ao poder municipal para que possamos de modo efetivo atuar na viabilidade destes trabalhos e tornar possível a criação de projetos melhores e que sejam ferramentas de mudança de vida para a comunidade.
Smart Citys têm sido profetizadas em todo o mundo, nossa cidade está neste caminho, podemos observar essa movimentação na saúde, na segurança pública. Pensar que podemos atuar como profissionais que irão levar ao poder público essencialmente soluções inteligentes para a habitação social, como produto, projetos de grande engajamento funcional, estrutural e humano é um passo à frente. Onde a mesma verba até então dirigida ao projeto possa ter sua máxima atuação e expressividade.

Mariana Meneghisso F. Pasquotto. (Arquiteta Urbanista formada pelaFaculdade de Belas Artes de São Paulo, e Design de Interiores formadapela Escola Panamericana de Artes de São Paulo. Titular, hà 13 anos, no escritório Meneghisso e Pasquotto Arquitetura.) Associada da AETEC.

Matéria revista AETEC 22º edição.