ESG E ODSS PRECISAM SER PRIORIDADES, EVIDENCIAM ESPECIALISTAS NO CREA-SP 

1º Encontro Nacional de Engenharia Ambiental e Sanitária mostrou carência de ações sustentáveis efetivas

No Brasil, ainda existem mais de 2 mil lixões a céu aberto”. A fala do engenheiro ambiental Fernando Silva Bernardes, da Central de Custódia Nacional, evidencia um problema antigo que persiste ainda hoje. A declaração do especialista no 1º Encontro Nacional de Engenharia Ambiental e Sanitária (ENEAS) e 4º Encontro Paulista de Engenharia Ambiental (EPEA), realizado pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea- SP) no dia 31/1, mostra o quanto o País está atrasado em ações de sustentabilidade. O evento serviu para despertar profissionais, mercado de trabalho e sociedade para o grau de emergência das ações de estratégia ambiental, social e de governança, da sigla em inglês ESG (Environmental, social and governance), e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), que devem ser adotadas não mais como tendências, mas como prioridades.

“Quase 50% dos municípios brasileiros estão em situações inadequadas onde o resíduo é depositado diretamente no solo. Fora isso, existe toda uma condição social, uma vez que são utilizados catadores para a demanda de recicláveis nesses locais e 70% a 80% são mulheres”, complementou Bernardes.

O debate buscava soluções para as questões socioambientais e integrou ainda outros especialistas da Engenharia Ambiental, como Fernando Rodrigues, diretor executivo do Instituto Rever; e Paola Bernardeli, do Grupo Solví. Em consenso, eles entendem que o desenvolvimento sustentável requer uma atenção à economia circular, logística reversa, criação de novas cadeias e gestão de resíduos sólidos. “As novas gerações estão mais preocupadas com o que consomem e em alcançar novos hábitos”, observou a engenheira Paola Bernardeli.

O diretor de sustentabilidade da Electrolux, engenheiro João Zeni, que também participou do evento, discorreu sobre os diferenciais da Agenda 2030 da ONU, da qual o Crea-SP é signatário, e das práticas de governança ambiental, social e corporativa. Em sua apresentação, Zeni mostrou uma pesquisa realizada com o mercado brasileiro que apontou que 76% dos consumidores “acham difícil colocar as ações sustentáveis em prática” por depender de produtos ou de menor acesso. O
levantamento indicou ainda que 47% dos entrevistados não sabem “o que fazer para serem mais sustentáveis”. Ou seja, para as empresas, agir de forma sustentável diante desta realidade também não é uma tarefa simples, pois é preciso desmistificar a opinião pública e angariar engajamento em sua própria causa a favor da marca e do planeta. “Tudo gera impacto. Por isso muitas das metas são para o longo prazo e, para funcionar, precisam que todas as áreas sejam envolvidas”, afirmou Zeni.

O papel dos engenheiros ambientais e sanitaristas, profissão regulamentada há pouco tempo, mas fundamental para a resolução dessas questões e que precisa ser valorizada, foi destacada como oportunidade de fomento ao tema. Para os especialistas, cabe aos profissionais prever alternativas para redução da emissão de gases de efeito estufa e mitigação dos efeitos das emergências climáticas, planejar o saneamento básico com tratamento de esgoto e oferta de água potável para todos, e ainda projetar a gestão dos resíduos sólidos, entre outras responsabilidades. Isso porque existe no mercado uma certa carência de pessoas preparadas para assumir a postura de liderança da agenda sustentável. O que acontece até mesmo na Engenharia Ambiental.

Com isso, o 1º ENEAS evidenciou as ações que precisam ser tomadas no presente, com o engajamento de todos em áreas multidisciplinares, para minimizar os impactos da produção
econômica no meio ambiente. O desafio é o de se aproximar das realidades da população para encontrar (ou criar) soluções para os problemas socioambientais. Isso diante de uma realidade no
Brasil, em toda sua abrangência e deficiências do crescimento insustentável, que não consegue suprir as principais demandas populacionais, como moradia, segurança alimentar, saúde etc.

“São pautas importantíssimas e necessárias das quais precisamos para evoluir. Nós precisamos de profissionais capacitados para isso e tratar esse assunto como prioridade”, ressaltou o presidente do Crea-SP, engenheiro Vinicius Marchese, ao enfatizar a atuação da Engenharia para trazer mais qualidade de vida e desenvolvimento sustentável.

Sobre o Crea-SP – Instalada há 88 anos, a autarquia federal é responsável pela fiscalização, controle, orientação e aprimoramento do exercício e das atividades profissionais nas áreas da Engenharia, Agronomia e Geociências. O Crea-SP está presente nos 645 municípios do Estado, conta com cerca de 350 mil profissionais registrados e 95 mil empresas registradas.

Contatos para a imprensa: crea-sp@cdicom.com.br • Marianna Marimon: (11) 98939-3350
• Thais Fernandes: (11) 95025-3390 • Ana Luiza Antunes : (11) 95785-0207

Matéria da revista AETEC, 46º edição.

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