Dinâmicas Sensoriais Aplicadas ao Projeto de Reforma Corporativa

O ESPAÇO , uma desativada loja de uma empresa de camisas e ternos masculinos foi locada por nosso cliente para acomodar uma filial de seu escritório de despachos em um shopping center.

O pedido para o programa de necessidades foi: um projeto arrojado e elegante que transmitisse a solidez do trabalho fornecido por eles.

A espacialidade do conjunto ficou definida em 2 salas de reunião, copa, staff para 8 funcionários, duas diretorias, departamento financeiro com 3 colaboradores e gerencial com 3 colaboradores, recepção com pequena espera, espaço para café.

A composição do hall de entrada à esquerda do espaço permitiu a criação de um extenso painel, que recebeu iluminação linear perpendicular à entrada e paralela a esse longo corredor, utilizando a técnica de indução. Somado a esse, a recepção cria a profusão direta que diminui o ritmo do usuário e o permite contemplar as estruturas de jardim suspenso exploradas no pé direito alto, aplicadas em  lementos para uma leitura visual de aconchego e permeabilidade.

A distribuição das salas a direita da entrada, de forma fragmentada é atraente e acertada para a maioria do público funcionando como um estímulo sensorial de curiosidade e descoberta.

Nas salas e oficinas de trabalho, a disposição se mantém também fragmentada, com elementos circulares na composição das alvenarias de fechamento mais angulosas e agudas para transmitir desafio e, ao mesmo tempo, conforto e tranquilidade.

Explorar o térreo com um layout em ângulos foi nossa conceituação para o partido, que criasse movimento para transpor sensações também com o pé direito alto do local com essa sensação espacial inesperada.

A sala de reunião ocupou a vitrine principal para que o atendimento pudesse ser valorizado pelos passantes do shopping e instigar a curiosidade sobre o trabalho do escritório. O desenho do espaço também explora o alto pé direito com uma sequência de móbiles de bastões iluminados suspensos de forma aleatória criando o elemento forte da sala.

Pergolados e estantes metálicas nos espaços distribuem além de objetos com apelo afetivo e plantas. O projeto biofilico è um ponto alto, favorecendo o bem estar e o acolhimento.

O projeto considerou redividir o espaço e utilizar o local do antigo estoque no mezanino para conseguir atender ao partido. Foi necessário uma autorização especial para caracterizar esse espaço como habitável, funcionou. Nele, o projeto de dedicou a filtrar os ruídos do sistema de ar condicionado que fica muito próximo, além de criar uma volumetria com o mobiliário que pudesse aliviar a sensação do espaço pequeno e de pé direito restrito.

Todas as novas paredes e os forros construídas foram feitos a partir de Drywall, mais sustentável e de forma a controlar a quantidade de resíduos. A escolha pelo piso em réguas vinílicas para o piso, além de propor o uso de materiais atuais e praticidade, levou em consideração a resposta acústica favorável do material e também a sustentabilidade, já que pode ser aplicado sobre a cerâmica existente, diminuindo a produção de resíduos.

A marcenaria unicolor em todo o espaço é minimalista e cria o eleito de integração e a sensação de amplitude do espaço. O tom sóbrio cria uma atmosfera atemporal e neutra para a equipe que trabalha no local.

O projeto luminotécnico considerou iluminação limítrofe quente, 3000k, na recepção, reuniões e diretorias. distribuídos nos forros em perfis lineares que também criaram desenhos e descerem pelas paredes num movimento futurista e divertido. Nos departamentos para o staff, a iluminação foi combinada entre 3000 e 5000k para equilíbrio e saúde, uma vez que o local não possui janelas para entrada de luz natural.

Móveis e estofados em tela microperfurada e couro, em tonalidades terrosas, dourado e cinza, para transmitir conforto e leveza e a identidade elegante que se buscava.

As esquadrias e divisões internas receberem vidros duplos para melhorar a acústica e privacidade dos espaços.

O principal tema a abordar neste projeto é o que ele entrega como sensação para o que buscamos em projetos corporativos: arquitetura consciente, para que possa entrar no campo cognitivo e produzir bons estímulos comportamentais seja na equipe que ali trabalha, seja no cliente que irá frequentar o espaço.

A compreensão da natureza humana, através da Neurociência, permite um modelo de gestão que priorize o potencial humano, a criatividade, o respeito pelas limitações humanas, ampliando a produtividade. A aplicação neste projeto de soluções arquitetônicas de projeto para o espaço corporativo que considerem a qualidade do espaço e relação ao usuário em temas como ritmos circadianos dentro de um ambiente privado de luz natural, a importância da respiração, das pausas e do ócio criativo, buscando otimizar o ambiente, a saúde e consequentemente
eficiência e resultados. Ainda que em longo prazo.

Quando os conceitos de Neuroarquitetura são fundamento para a criação de espaços corporativos, o objetivo de transformar os espaços de trabalho em um cenário que desperte emoções que permitam que o trabalho seja além da capacidade e habilidade, mas também paixão, iniciativa, realização. Que também mimetizem reconhecimento para empatia ser a identidade comitiva desses espaços e agregar efetiva qualidade de vida aos usuários. Para isso, é essencial conhecer com profundidade seu cliente, sua entrega e sua equipe e os resultados do projeto arquitetônico serão, com confiança, acima do esperado.

Mariana Meneghisso. Arq. Urbanista pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo. Design de Interiores pela Escola Panamericana de Arte. Pós graduanda em Neuroarquitetura pela Ipog. Pós graduada em Responsabilidade Civil pela Fecaf. Membro da Anfa Brasil, Academy of Neurocience of Architecture. Titular, há 17 anos, do escritório Meneghisso e Pasquotto Arquitetura.
www.pasquottoarquitetura.com.br

Matéria da revista AETEC, 46º edição.

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