CASACOR 2019

CO-DINING DA ARQUITETA JULIANA PIPPI

O evento Casa Cor, repetido em diversas cidades brasileiras, tornou-se a maior referência nacional no lançamento de tendências em design e decoração. Além disso, muitos profissionais conseguem expressão e visibilidade depois de expor na mostra, Arthur Casas, João Armentano e Roberto Migotto são alguns exemplos. Nesta edição, o espaço destinado para novos talentos estava ampliado criando possibilidades para quem está chegando ao mercado.
Como toda exposição de arte, temos sempre uma vasta experiência de técnicas, cores, sensações, para todos os gostos e públicos, especialistas do setor, ou não. Visitar a mostra é uma experiência sensorial, de percepções individuais. Para quem nunca foi, vale conhecer, a seu tempo, parando no que te encanta para olhar com mais atenção. A exposição é enorme, passeio para um dia inteiro. Com restaurantes gostosos, cafés, docerias e sorveterias para as paradas que decidir fazer, vá sem pressa.
Claro que muito do que está exposto é extremamente luxuoso, e obviamente, muito caro, mas profissionais competentes podem usar do conhecimento sobre técnicas e materiais, aliado à criatividade para gerar versões de muito bom gosto e menos dinheiro também, com base nas últimas tendências de mercado.
Nostalgicamente, apreciava muito as edições mais antigas da Mostra, onde, a cada ano, a exposição era ergui- da em diferentes edificações na cidade, sempre escolhidas pelo valor arquitetônico: residências especiais, exemplares de arquitetura Clássica, Modernista,Toscana… os galpões da antiga Cinemateca, a estrutura da antiga fábrica do laboratório Merrel Lepetit e ainda o belíssimo complexo da Maternidade Matarazzo foram sedes muito ricas e interessantes das primeiras “Casas Cor”.
Desde 2006, as edições têm ocupado parte do com- plexo de edifícios do Jóquei Clube de São Paulo, ambientes são montados e distribuídos pelo vasto jardim, outros na arquibancada com vista para a pista, trechos do edifício histórico e também são construídas novas estruturas. Neste ano, com um grande apelo para as soluções nômades da arquitetura em containers.

Conceitos importantes para a sustentabilidade ultrapassaram a escolha no emprego de materiais ecológicos nos tecidos, madeiras, revestimentos…

Esta proposta, que já tem sido bastante exposta nos últimos anos pela mídia, mostrou soluções racionais, como pede o tema, equilibradas, mostrando ser mesmo possível comprarmos isso pronto, mandar entregar e viver. Não seria uma simplificação a considerar?
Conceitos importantes para a sustentabilidade ultra- passaram a escolha no emprego de materiais ecológicos nos tecidos, madeiras, revestimentos para também ações como a energia do evento ser fornecida por iluminação em Led alimentadas por placas fotovoltaicas, o controle do volume de lixo gerado no serviço de um dos restaurantes da mostra, ou a construção ecológica em fardos de palha conhecido como Straw Bale do espaço Lg. No mesmo tema, a loja de presentes da Casa Cor tinha a estrutura em madeira laminada colada, tornando possível desmontar e remontar o espaço todo.
Paisagismo rico: misturas de cactos, grandes folhagens e ervas aromáticas em composições inusitadas e de um resultado que tem muito a ver com nosso tropicalismo. Mistura de temas, mas quase sempre com a preocupação de usar espécies de fácil trato e grande durabilidade, para encorajar aqueles que temem não saber manter suas plantas com vida no dia a dia corrido.
Além da quase unânime solução de projetos tipo “open space”, onde o banho está integrado ao espaço de dormir. Ou o living aberto integrando os espaços de refeições e preparo… Ou até toda a setorização prevista em um lar aplicada em um único ambiente. Na Casa Cor justificável, afinal, o profissional tem muitas vezes pouquíssimos metros quadrados para investir, deixar sua marca e mostrar a que veio. No entanto, eu tenho lá minhas ressalvas ao uso e abuso de “open spaces” em nossa “real life”, tema esse que trato em outro matéria, pois vale a reflexão.
Um apelo para objetos de caráter familiar, antigas peças com história, lembranças e relíquias ganharam destaque nas soluções, criando um lindo resgate ao tradicional e à identidade da origem de cada um, tão perdida na geração padronizada que temos visto por aí. E não estou falando dos cocares e tambores indígenas, falo da essência de uma toalhinha de bandeja de nossa avó, de um relicário, da poltrona herdada do avô.
Tenho um apresso pelo minimalismo, e embora a Casa Cor estivesse ultra colorida e intensa, bem nos moldes do que se trouxe das tendências europeias mostradas em Milão: cores intensas, saturadas, como verdes e doura- dos em ambientes que compunham a sobriedade de tons com a escolha mais irreverente de mobiliário e adornos, foram os ambientes monocromáticos, de poucos elementos que eu chamo de perfeitos, com a escolha das texturas dos tecidos e tapetes criando relevos, assim como as marcenarias fazendo efeitos tridimensionais acompanhados da aplicação de pedras e quartzos com texturas únicas, criando combinações muito ricas, sem o uso de cores, a complexidade em criar um ambiente é muito mais desafiante.
O que mais me encantou os olhos, um dos espaços essencialmente elegante, bem resolvido e lindamente desenhado foi o loft do arquiteto Nildo José, que se inspirou na Bahia, sua terra de origem para a criação de extremo bom gosto. E termino citando o alegre “Co-dining” da arquiteta Juliana Pippi, colorido espaço com um coração central em uma super mesa de tampo em granilite traduzida para compartilhar tudo com muita bossa e inspiração. Um talento.

Se esteve na edição desse ano, compartilhe aqui na revista suas experiências e preferências conosco enviando fotos e comentários para: joaoacemais@gmail. com – ficaremos felizes! E poderemos publicar os melhores comentários e fotos.

Mariana Meneghisso é Arquiteta formada pela Faculdade de Belas Artes, de São Paulo e Design de Interiores pela Escola Panamericana de Artes, há 15 anos titular no escritório MENEGHISSO e PASQUOTTO ARQUITETURA.

Materia da revista AETEC nº25 edição.

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