GRAPHENE, ”MIRACULOUS METAL”
JOAO LINO

VAI TRAZER RIQUEZA PARA O POVO BRASILEIRO?

Para gerar riqueza com o Grafeno é preciso um trabalho em conjunto deste tripé: governo, universidades e indústrias”.
Prof. Dr. José Augusto Pereira Brito

A primeira riqueza do Brasil foi o Pau Brasil, depois o ouro, pedras preciosas, cacau, café, e hoje “commodities” agrícolas e de minério de ferro, quase sem nenhum valor agregado. Nem em caixinha é exportado o suco de laranja, ele segue congelado em navios tanque. Quando vamos à Europa degustamos o chocolate Suíço ou o Belga, de excelente qualidade, mas nenhuma dessas nações têm um único pé de cacau. Eles o importam e transformam em riqueza para seu povo. O Brasil exporta 1/3 da produção de café do mundo, mas hoje não está entre os 5 melhores cafés do mundo, nem temos uma marca  de nome  no mercado externo, o nosso café é agregado a outros para dar volume. Na Suíça ou na Bélgica, quem trabalha com chocolate ou café tem um excelente salário, padrão de vida, saúde, educação, segurança, baixíssima corrupção.

O nosso minério de ferro é exportado a um custo em média de 110 dólares a tonelada e sua exploração é feita, na maioria, com trabalhadores que ganham em média pouco mais de 1 salário mínimo e quase nada de controle ambiental e retorno para a região, pelo contrário, é só ver as duas últimas tragédias. Você já pensou quanto essa tonelada de ferro produziu de produtos que importamos, pagando 1.000, 2.000 vezes mais pelo mesmo ferro, mas agora com valor agregado, com tecnologia? E por que não temos tecnologia? Minas Gerais e Bahia, são estados riquíssimos em metais preciosos como Ouro, Ferro, Nióbio,  Pedras Preciosas, e a bola da vez, o Grafite, mas que até agora não geraram riqueza para seu povo. O IBGE informa que mais de 80% do povo brasileiro ganha até R$1.800,00 por mês, em torno de 450 dólares.

E qual a importância do Grafite, essa matéria prima que existe dentro do lápis e que o Brasil tem 58% das reservas mundiais.

Ele pode gerar muita riqueza.

A partir do Grafite, com alta tecnologia e gente com muito conhecimento e saber, podemos chegar ao com muito conhecimento e saber, podemos chegar ao GRAFENO, chamado pelo Goldman Sachs de “METAL MILAGROSO”.

Para conhecer este excepcional produto a AETEC reuniu 30 associados e foram conhecer o MackGraphe, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, o primeiro e maior centro de estudos avançados sobre o Grafeno da América Latina, focado no investimento em pesquisa aplicada e no desenvolvimento da indústria nacional. Fomos muito bem recebidos pelo Prof. Dr. José Augusto Pereira Brito, diretor geral do MackGraphe, que durante 2 horas nos ofereceu  uma maravilhosa aula, sobre o desenvolvimento dos trabalhos atuais e a importância do Grafeno para o desenvolvimento do País. Depois visitamos os superequipados laboratórios (31), sala limpa,  com equipamentos sofisticados direcionados para cada uma das áreas.  O Instituto Mackenzie de Pesquisas avançadas em Grafeno, Nanomateriais e Nanotecnologias (MackGraphe) situa-se num moderno edifício de 10 andares, com investimento até agora de 100 milhões de dólares, localizado na rua Consolação, 300, no Campus Higienópolis, onde professores e alunos se dedicam ao estudo do que eles chamam de “Material do Futuro”. Inúmeros pesquisadores: químicos, físicos, engenheiros de materiais, produção, mecânicos e elétricos, compõem um grupo que vai de bolsistas de iniciação científica a pós-doutorandos. Funcionando desde 2016, o Centro tem como principal objetivo o desenvolvimento de tecnologias que possam ser aproveita- das pela indústria e que tragam benefícios diretos para a sociedade. O Centro já tem diversos casos de parcerias com indústrias, startups e jovens empreendedores. No sexto andar é onde esta união entre pesquisadores e futuros empreendedores formam incubadoras de empresas ligadas às aplicações do Grafeno e dos nanomateriais, um verdadeiro berçário de startups.

…este Centro abrange três campos principais de estudos: fotônica, compósitos e energia e sensores

O diretor explicou que este Centro abrange três campos principais de estudos: fotônica, compósitos e energia e sensores. Este Centro tecnológico está conectado com outros centros de pesquisa no Brasil – a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) – e outras do exterior como a Universidade de Manchester e a Universidade Nacional de Singapura, de onde recebem com frequência pesquisadores e parceiros cientistas e para onde são enviados estudiosos brasileiros para aprimoramento e pesquisa. Uma grande queixa dos industriais é que as Universidades no Brasil se mantêm um pouco distanciadas das indústrias, “O MackGraphe já nasceu orientado ao mercado e isso faz toda a diferença. Quem passa por aqui não vai guardar o projeto no armário, é preciso pensar nos benefícios que serão gerados para a sociedade”, afirma Brito. Respondendo a uma pergunta o professor disse que “as portas estão abertas para todo empresário que tenha um projeto e necessite dos recursos científicos de uma universidade, e existem algumas formas de parceria, dependendo de caso a caso”.

Mas o que é o Grafeno?

O GRAFENO é um material formado por um ar- ranjo de átomos de carbono em uma estrutura hexagonal na forma de favos de mel, com espessura de apenas um átomo de carbono. Traduzindo, uma folha de grafeno isolada tem espessura de apenas 0,37nm (1nanometro = 0,0000000001 metros), sendo classificado como um nanomaterial. Dois gramas desse material pode produzir uma película capaz de cobrir uma área de 2.700m2, equivalente a um campo de futebol.

O material do futuro sempre esteve por aqui e já é utilizado pela humanidade há centenas de anos, o Grafite.

Apesar da aparência inocente, é dele que vem um novo material, simples, versátil e promissor: o “GRAPHENE”. Isolado pela primeira vez em 2004 por Konstantin Novoselov e Andre Geim, na Universidade de Manchester Inglaterra, o estudo rendeu à dupla o Prêmio Nobel de Física em 2010. A partir daí a Indústria ficou de olho e com ele vamos entrar na indústria 5.0.

O valor atual de mercado de 1g de grafeno chega a ser 1.000 vezes maior do que o do grafite…

A produção de grafeno a partir da grafita natural e a inovação de suas aplicações, além de multiplicar o valor do mineral,  gera a criação de inúmeros  produtos novos num mercado de crescimento muito alto e rápido. O valor atual de mercado de 1g de Grafeno chega a ser 1.000 vezes maior do que o do Grafite e um dos grandes desafios atuais é justamente produzir no país produtos com o NOSSO Grafeno, exportar em quantidade, e reduzir os custos de produção.

APLICAÇÕES

Os principais campos de aplicação são em eletrônica, geração e armazenamento de energia e compósitos, confecção de sensores, tecidos inteligentes, e na confecção de eletrodos e filmes finos condutivos.

O setor de energia e armazenamento é onde se concentra o maior potencial econômico e tecnológico de aplicação do Grafeno na atualidade, uma vez que esse material apresenta elevada área superficial, boa estabilidade química e alta condutividade elétrica, com aumento significativo da capacidade de armazenamento de energia elétrica em baterias mais seguras, leves e compactas.

Vai ser possível carregar a bateria do celular enquanto tomamos um  cafezinho.

Outra área importante de aplicação do Grafeno é nos materiais compósitos, onde é incorporado a um material hospedeiro, como matrizes poliméricas, cerâmicas ou metálicas, modificando e melhorando suas propriedades. Nos polímeros, por exemplo, a incorporação do Grafeno possibilita a obtenção de materiais muito mais resistentes mecanicamente, com a vantagem de poder introduzir, concomitantemente, outras propriedades, como impermeabilidade a gases e condutividade elétrica, para a fabricação de partes de aeronaves, veículos automotores e de materiais de construção civil, como cimento, refratários e tintas.

Agora, respondo à pergunta do título desta matéria. Se desta vez o Brasil for competente, trabalhar com inteligência e honestidade, transformando AQUI as imensas reservas de Grafite em Grafeno e posterior- mente em produtos com valores agregados, poderemos SIM deixar o povo rico. Mas, além do trabalho em conjunto -governo, universidades e indústrias –  precisamos que  os governos –  federais, estaduais e municipais –  atuem com “complience”   para coibir a corrupção desvairada e grandes investimentos em educação séria, pois vamos precisar de muita gente qualificada. 

Um exemplo é Israel, país com 8 milhões de habitantes, estruturado em cima de areia, sem água, em constante conflito. Você sabia que Tel Aviv é o segundo maior polo do mundo em startup, em desenvolvimento de tecnologia, perdendo apenas para o Vale do Silício? E veja quanta tecnologia criam, o WAZE por exemplo.

Mas se continuarmos utilizando os nossos tratores para retirar o grafite e exportar “in natura” sem agregar valor vamos continuar nesse atraso atual, embora sejamos um dos países com maior número de empreende- dores, mas que morrem antes de dois anos.

Matéria da revista AETEC nº 25 edição.

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