BONITA CASA FERNANDINHO

Arquiteto Fredy Terzian e  Publicitário João Lino

Recentemente fui convidado para um almoço na casa de um antigo cliente, foi quando ele me contou a seguinte história.
-“Somos tão felizes nesta casa que convidamos você, nosso querido arquiteto, para comemorarmos 10 anos da construção, junto com a família. Você se lembra, eu havia comprado um terreno neste condomínio de alto padrão. Como sou criativo de uma grande agência de propaganda, falei a você que tinha toda a casa na minha cabeça e queria que apenas colocasse no papel as minhas ideias, fizesse o design. Eu percebi que você ficou meio lisonjeado, mas depois de 30 dias me trouxe um projeto maravilhoso, muito diferente até do que havia imaginado.

Mas na hora fui eu que fiquei lisonjeado com as mudanças, mas como publicitário entendi o problema. Muitas vezes sou chamado pelo diretor de marketing e o presidente da empresa, que me apresentam uma ideia sensacional, para desenvolvermos a campanha publicitária. Depois de 30 dias apresentamos a campanha algo diferente da solicitação inicial e para isso levamos nosso diretor de arte, de mídia, de planejamento e dois criativos para justificarmos a ideia.

Eu, desde que construí a minha casa, acho a profissão do arquiteto e a do criativo de agência de propaganda muito parecida. Ambos têm o dom da criação, da arte correndo nas veias, e essas criações quando encontram o profissional certo fazem a diferença. Quem da nossa época não se lembra do sucesso das campanhas “O primeiro sutiã a gente nunca esquece” ou “Bonita camisa Fernandinho”. Pois foi o que aconteceu comigo ao aceitar o seu projeto. Dois meses depois de mudar, convidei o presidente da minha agência para um almoço, para mostrar orgulhoso a minha nova residência. Logo na entrada ele exclamou com admiração “ Bonita casa Fernandinho” numa alusão à campanha que estava no auge. Isso ficou na minha cabeça até hoje, tudo que o cliente quer do arquiteto, penso eu desde então, é receber um amigo, um parente e ouvir esta frase e se emocionar sempre.

Lembro-me da nossa conversa até hoje, quando você explicou as funções e competências do profissional arquiteto, para eu aceitar tudo que você estava me oferecendo e alertando. Você foi me apresentando, no decorrer da construção, profissionais capacitados, engenheiros especialistas em hidráulica, elétrica, cálculo, estrutura. Você fez também o projeto de design de interior per- feito e finalizou com o paisagismo para dar o toque de classe.

No balanço total da construção, fiquei surpreso, o gasto foi o que eu havia projetado, mesmo contando com profissionais tão competentes, coisa que só estou falando hoje, rsrs. E esta nossa celebração é para comemorar a alta qualidade da residência, que após 10 anos, posso ligar todos os aparelhos elétricos e lâmpadas ao mesmo tempo que não tenho nenhuma surpresa, nunca tive vazamento no telhado, a circulação é excelente, o mobiliário é prático, bonito, resistente e o sistema hidráulico nunca me deu problemas. Destaco ainda os azulejos, porcelanatos, móveis, tudo da melhor qualidade e preços com ótimo custo x benefício.  Veja, até hoje a decoração do living, das suítes, da área de lazer ainda se mantém atual, vocês arquitetos realmente estão atentos às tendências, está tudo como novo, foi de grande valia a indicação de seus parceiros e fornecedores de confiança, com bons preços, qualidade e prazo cumprido”.

“Digo sempre que somos um canal direto entre o sonho e a realidade”

– Nesse ponto da conversa eu falei: “naquele dia, para convencer você, eu expliquei que o arquiteto não é apenas o designer – na linguagem de publicitário – ambos rimos – mas o criativo, o artista e o técnico que vai projetar todas as condições para o cliente viver da maneira mais agradável possível, com muita qualidade de vida. Esse profissional é aquele que vai avaliar todas as informações colhidas e apresentadas no levantamento feito pelo topógrafo, no caso de terreno, ou a avaliação estrutural, elétrica e hidráulica feitas pelos engenheiros indicados, fora isso, será feita uma entrevista com o proprietário para ouvir e avaliar as suas necessidades e expectativas. Funciona como uma antena que vai captar tudo isso. Após esse processo de “captação” começa o processo da viabilização do projeto, ou seja, verificar as normas e leis municipais onde está localizado o imóvel, para saber se é possível executar o que foi solicitado. Feito esse trabalho inicial, aí sim, entra o processo de criação, onde o arquiteto irá colocar no papel tudo aquilo que está em sua mente, fazendo com que o sonho daquele cliente possa ser concretizado (ao pé da letra). Digo sempre que somos um canal direto entre o sonho e a realidade. Esse “design” do qual estamos falando, não é tão simples assim. Deve compilar desde o sonho do cliente até o custo da obra, passando por diversos processos técnicos e criativos. Um projeto bem resolvido acaba se tornando econômico na sua execução e posicionar a construção tirando melhor aproveitamento dos pontos cardeais é torná-la mais eficaz no seu conforto térmico e mais econômica.

– Isso mesmo, interviu o cliente, “a nossa casa ficou mais econômica no seu custo mensal, levando em consideração o baixo consumo de energia elétrica. E lembro que você me alertou que o posicionamento do terreno não era dos melhores, eu deveria ter consultado um arquiteto desde a compra, mas você estudou muito bem e a insolação ficou perfeita, com alto pé direito na área de lazer e janelas grandes para entrada de muita luz, quase não ligamos as lâmpadas durante o dia. No decorrer da construção eu pude entender de toda a complexidade que é construir uma casa para morar e a quantidade de profissionais necessários capa- citados envolvidos. Mas agora vamos visitar a casa, para você ver como está, e lhe dar um presente.

– Um presente exclamei surpreso?
– Sim, excelente presente, o CEO de uma empresa, nossa cliente, quer construir uma casa. Ele esteve aqui e também falou “Bonita casa Fernandinho” quem fez o projeto e construiu? daí eu indiquei você, rsrs, tin tin.

Matéria  da revista AETEC nº 27 edição.