Pandemia, Mobilidade e Acessibilidade

Os desafios que as nossas cidades estão enfrentando na mobilidade e acessibilidade com as mudanças que a COVID-19 tem imposto a todas as nossas atividades. Mas já temos boas iniciativas por todo o mundo que apontam cada vez mais para o incentivo ao transporte alternativo, como as bicicletas.

O ano de 2020 trouxe para os habitantes do mundo todo uma pandemia que alterou drasticamente o nosso jeito de viver e pensar o futuro. O corononavírus não escolhe as suas vítimas. Todos podemos ser mais um nas listas diárias de mortos e infectados divulgadas nos telejornais.

A COVID-19, uma doença que se mostrou tão implacável e fatal, teve, e ainda está tendo, impactos terríveis em todos os setores. Pelo menos até que o engenho humano desenvolva tratamentos mais eficazes e principalmente uma vacina segura.

Tempos difíceis exigem medidas criativas e efetivas. E desta vez não está sendo diferente. Iniciativas que poderão fazer a diferença estão despontando por todo o planeta. Entre elas, uma das mais assertivas é investir na micromobilidade. Em modais de transporte mais sustentáveis e inclusivos, como a bicicleta.

A velha magrela, que já vinha tendo um upgrade no seu status, associada ao lazer e à prática saudável de uma atividade esportiva, agora, em tempos de distanciamento social, se torna uma ferramenta valiosa para o deslocamento mais seguro e, por que não, mais barato.

Pesquisas recentes mostram que aqueles moradores dos bairros mais distantes gastariam bem menos se fossem para o trabalho de bicicleta. O tempo gasto também seria praticamente o mesmo. Além dos inquestionáveis benefícios para a saúde, quem pedala colabora com o meio ambiente, não polui e não se expõe no transporte público, que na maior parte do tempo vive lotado.

Com isso o número de bicicletas e ciclovias que já vinha crescendo aceleradamente teve impulso nesses últimos meses. Em alguns países, cidades com menos carros nas ruas, aproveitaram para criar ciclovias temporárias. É o caso de Bogotá, na Colômbia; Paris, na França; Bruxelas, na Bélgica; Roma e Milão, na Itália, entre outras.

Momento também de pensar na acessibilidade
Mas ainda há muito o que fazer. Os investimentos das administrações públicas nas obras de mobilidade e também do setor privado, têm que ser suplementados, aumentar e ainda ter o seu escopo mais estrito ampliado. É o momento de ter um olhar mais empático e mais abrangente do que é mobilidade. E aqui peço licença trago encaixar a questão da acessibilidade – que é o setor da arquitetura no qual trabalho há quinze anos – das nossas vias.

Vamos sim investir nas ciclovias! Mas por que também não nas calçadas, que de todas as barreiras arquitetônicas é a que mais restringe, impondo percalços àqueles que têm, no dia a dia, o seu direito de ir e vir sequestrado pelas más condições do mobiliário público.

E não vamos ficar apenas lamentando o fato de termos nossa vida virada de cabeça para baixo como nunca antes. Vamos usar o momento difícil para ampliarmos o nosso olhar e projetarmos um futuro melhor com políticas e ações inclusivas e mais humanas.

Paula Dias Lima. Arquiteta, especialista em Acessibilidade, elabora diagnósticos, projetos e obras para adequação de edifícios e espaços públicos às atuais normas

Matéria da revista AETEC nº 32 edição.

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