INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL PARA O BEM
Johannes Von Lochter
Tornou-se comum ouvir o termo inteligência artificial nas mídias sociais e, embora o nome tenha uma indicação muito clara do que se trata, são poucas as pessoas que realmente entendem a dimensão da transformação que o mundo está passando com a evolução dessa tecnologia. Postos de trabalhos estão sendo substituídos, novos equipamentos estão sendo criados para atender demandas específicas, e até mesmo uma nova função totalmente voltada para inteligência artificial figura entre as profissões do futuro mais bem pagas e desejadas pelas empresas.
A inteligência artificial ainda é encarada por muitos como algo pertencente apenas ao mundo da ficção científica. Avanços recentes, como novos algoritmos e máquinas com hardware mais poderosos, permitiram que hipóteses antigas fossem com- provadas, trazendo para os dias de hoje a crença de estarmos cada vez mais próximos de inteligências artificiais competindo de maneira igual ou superior com humanos.
Uma aplicação de inteligência artificial aguardada por muitos são os carros autônomos, uma área encabeçada por Elon Musk, que ainda engatinha no desenvolvimento e por enquanto é só promessa em termos de carros totalmente autônomos. Tornar um carro autônomo envolve uma série de conceitos, mas implica de maneira resumida em habilitar o carro a sentir o mundo ao seu redor e tomar decisões. Variações dessa aplicação são os pequenos robôs anunciados pelo IFood para entrega autônoma de pedidos realizados pelo aplicativo e até mesmo a frota de drones autônomos da Amazon que fazem entrega de pequenos produtos de maneira mais rápida.
A evolução muito rápida da inteligência artificial sem regulamentação apropriada fez com que algumas personalidades famosas, como Stephen Hawking, Elon Musk, Steve Wozniak e Bill Gates, expressassem suas opiniões acerca do perigo que a inteligência artificial representa para o mundo. Em uma carta aberta assinada por eles é discutido o impacto de organizações militares ao redor do mundo partirem em uma corrida pelo desenvolvimento de armas autônomas. Armas autônomas, como descritas nessa carta, evocam armas com capacidade de atuar automaticamente para fins de assassinato, exterminar grupos étnicos e subjugar a população. Ao contrário, por exemplo, das bombas nucleares, esse tipo de armamento não precisa de materiais específicos e seria muito barato de produzir em massa.
Apesar dos problemas que o mau uso dessa tecnologia pode acarretar para a sociedade como a conhecemos hoje, inúmeras pesquisas estão sendo conduzidas no mundo todo para tirar benefícios dessa tecnologia e combiná-la às mais diferentes áreas, desde engenharia, até saúde, educação e acessibilidade, promovendo melhorias na qualidade de vida direta ou indiretamente.
Uma iniciativa muito forte em inteligência artificial para o bem é um encontro anual promovido pelas Nações Unidades para dialogar a respeito do que o mundo tem feito nessa direção, conectando os interessados em resolver problemas de desenvolvimento sustentável com especialistas de inteligência artificial.
A multinacional Microsoft também incentiva o desenvolvi- mento de projetos que apliquem inteligência artificial para contribuir com a sociedade e o planeta através dos programas AI for Earth, AI for Humanitarian Action, AI for Acessibility e AI for Cultural Heritage, cedendo recursos de computação na nuvem e apoio para a rotulação de dados. Como uma das etapas mais importantes e mais caras do processo de inteligência artificial é o acesso a dados rotulados, a Microsoft faz parcerias com pesquisa- dores para que os dados se tornem públicos posterior à pesquisa, abrindo novos caminhos para a comunidade científica.
A partir das parcerias que a Microsoft e outras empresas do setor firmam, projetos ambiciosos como a detecção e proteção de espécies ameaçadas acabam surgindo, bem como a análise de dados, o impacto da exploração mineral em baixo escala, prevenir ou mitigar desastres naturais, equilibrar a distribuição de alimentos para prevenir a fome em regiões específicas, bem como apoio à agricultura para evitar perdas.
Seguindo a mesma linha de utilizar a inteligência artificial para o bem, duas alunas concluintes do curso de Engenharia da Computação no Centro Universitário Facens, Laryssa Carvalho e Marianne Albuquerque propuseram e implementaram um aplicativo disponível para dispositivos Android que auxiliam gestantes durante o pré-natal. Apoiado por médicos da área e pautado na cartilha do protocolo de pré-natal do Sistema Único de Saúde, responde às perguntas mais comuns da gestante através de um assistente virtual que tem a capacidade de conversar.
O aplicativo foi batizado de Dra. Lara e também responde às principais curiosidades que a gestante normalmente perguntaria a um médico ou a alguma conhecida que já passou pela experiência da gravidez, tais como o que pode comer e exercícios que pode praticar em cada época da gestação. A assistente ainda lembra à gestante de quais exames deve fazer em qual mês e cobra a usuária quando ela não o fez.
Os profissionais que estão aderindo ao uso da tecnologia de inteligência artificial, em sua grande maioria, são autodidatas, mas diversos cursos estão sendo criados para atender a essa demanda nova de mercado, como por exemplo, as especializações de Ciência de Dados e Inteligência Artificial Aplicada da Pós-Graduação Facens.
A inteligência artificial pode transformar todas as áreas de conhecimento, inclusive levar a sociedade para uma guerra diferente de tudo que se viu antes. No entanto, espera-se que a moral e a ética conduza a utilização dessa tecnologia para transformar, por exemplo, a educação e a saúde, favorecendo a entrega com qualidade desses dois serviços a custos menores para a população carente.
Autor: Johannes Von Lochter, mestre pela UFSCar e docente-pesquisador no Centro Universitário Facens.
Matéria da revista AETEC nº27 edição.
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