DESGLOBALIZAÇÃO
OPORTUNIDADE PARA PMES
Estamos vivenciando um momento impar na história. Com os eventos impactantes dos dois últimos anos, a começar pelo fatídico março de 2020 quando foi decretada a pandemia,
passamos a enfrentar situações que aceleraram uma série de iniciativas que eram discutidas, porém não se consolidavam.
Entre o uso intensivo de tecnologia e modernização de sistemas de entregas, um dos efeitos desta situação que vem ganhando foco é o conceito de desglobalização e nesta reflexão vamos pensar nas oportunidades para as pequenas e médias empresas – PMEs.
A desglobalização é a ação contrária a globalização, caracterizada nos anos 90, onde os mercados locais, restritos aos territórios nacionais, romperam as barreiras que ainda emperravam o mercado global.
A aceitação e formalização do Mercado Comum Europeu e do Mercosul e momentos históricos como a queda do muro de Berlim e a cortina de bambu são movimentos que facilitaram
a consolidação dos comércios internacionais. Grandes empresas transacionais assumiram a produção em larga escala ampliando suas filiais em processos de produção local a partir
do envio das matérias primas e insumos manufaturados de qualquer ponto do mundo e com agilidade suficiente para disponibilizar produtos e serviços com a qualidade, no momento e no custo adequado.
Ocorre que tudo ia bem, até que outras barreiras surgiram no cenário mundial devido à pandemia e a famigerada guerra e seus efeitos.
No começo da pandemia, quando países adotaram medidas de distanciamento social e o fechamento das fronteiras, a produção em larga escala e o deslocamento de produtos para diferentes destinos se tornaram inviáveis. Desde então a rede global de logística enfrenta rupturas que causaram desabastecimento de alguns itens.
Por outro lado, os estímulos fiscais implantados por diversos governos para amenizar a crise impulsionaram o consumo e a compra online de mercadorias, aumentando a demanda por frete, provocando um descasamento entre oferta e demanda, favorecendo as PMEs no desenvolvimento e estratégias de abastecimento local.
Outro fator que vem impulsionando essa possibilidade é a invasão da Ucrânia pela Rússia que segundo alguns especialistas “vem colocando um fim na globalização que experimentamos
nas últimas três décadas”, conforme afirmou o CEO da BlackRock, Larry Fink em sua tradicional – agora amplamente conhecida- carta anual aos acionistas. Ele, como executivo da maior gestora do mundo em ativos, com US$ 10 trilhões em sua carteira de crédito, disse enxergar, como consequência do conflito, um movimento em que “companhias e governos estarão reavaliando suas dependências [de outros países] e reanalisando a manufatura e as plantas de fabricação — algo que a covid já estava levando muitos a começar a fazer”.
Proponho uma reflexão neste movimento, que cria novas oportunidades para pequenas e médias empresas locais desenvolverem soluções que evitem a total dependência das exportações.
Um exemplo a ser pensado são potenciais fabricantes de fertilizantes ou ações que minimizem sua demanda e dependência externa, propiciando aos produtores locais aumento na troca com o ecossistema produtivo.
DICA:
• Fique atento no Global e ao movimento dos mercados
emergentes;
• Conheça as oportunidades com seus arranjos produtivos
locais (APLs) e todo seu ecossistema;
• Desenvolva novas competências e amplie suas ofertas.
Argemiro Rodrigues de Sousa. Bacharel em Adm. de Empresa, Espec. em Manufatura Avançada, Licenciado em Filosofia e Mestre em Cultura e Comunicação. Profissional com 20 anos de vivência na gestão da cadeia produtiva e fluxo oper., tendo atuado em empresas do setor de eletrodoméstico e automotivo. Desde 2005 atua como professor e coordenador de Cursos Superiores Tecnológ. em Logística e Gestão de Qualidade na Universidade de Sorocaba. Membro do Grupo GELOG – CRA/SP.
(argemirorodriguesdesousa@gmail.com)
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