GRANJA NEWS – ABRIL 2013 – ARQ RICARDO CUNHA

Articulação entre os Lugares Públicos e os Privados

Qual é a circulação mais importante em uma cidade? A do transporte coletivo? A do carro particular? A de bicicletas? A de motos? Todas as citadas estarão presentes numa cidade e não faltará lugar onde se deva ainda acrescentar o cavalo, a carroça, o barco, etc. Porém, a mais importante de todas tem que ser a circulação de pedestres, o deslocamento a pé, sem o qual a cidade não existe! Há que ser feito em ambiente agradável, seguro e motivador de crescimento pessoal de quem o utiliza, num ambiente de encontro com o vizinho, com o igual e com o diferente, onde possam se forjar as relações de convívio social respeitoso e solidário. Aí nascem a cidadania e o senso de responsabilidade pela cidade, habilitantes da geração dos conceitos do que se deseja para aquele lugar no presente e no tempo futuro. De tão importante, não aceita eventos que a excluam nem razões que a substituam e o que cumpre fazer é estabelecer a interação entre esta atividade e os demais tipos de circulação possíveis de existir em um lugar.

A primeira coisa a ser preservada, ou criada onde não houver, é o conjunto de condições materiais para que ela ocorra, o espaço físico onde se permita ao cidadão a prática essencial. Em geral falamos aqui de calçadas, generosas, com pisos seguros, arborização e interfaces não agressivas com os lugares privados, com o uso, por exemplo, de cercas vivas. Nada de muros altos e contínuos a exilar o caminhante das paisagens, no que eu tenho chamado de “corredor polonês”, onde um infeliz circula correndo entre agressões dos dois lados. Há de se cuidar da eliminação de obstáculos como postes imensos, guaritas e outras aberrações.

Estabelecidas estas vias de circulação a pé, no que restar tratar-se-á de instalar circulação de veículos, particulares nas vias menores, e coletivos, que hão de ser silenciosos, seguros e não poluentes, nas principais. Do espaço resultante devem emergir as definições de mão única ou não, tipo de revestimento, etc.

É esta circulação, definida com estas prioridades, que assegurará a qualidade de vida do lugar público, inclusive quanto à segurança, eliminando o estresse e, ao mesmo tempo, assegurando a qualidade do lugar privado como restaurador do equilíbrio e das forças do morador.

Arquitetura e urbanismo, lavra do Arquiteto e Urbanista!

Ricardo José da Cunha

Arquiteto e Urbanista formado pela FAUUSP

rc.arquitetos@gmx.net

rjcunha@ig.com.br

 

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