POR UMA ENGENHARIA URBANÍSTICA

Parece ser um consenso entre os profissionais de diversas áreas que o campo do conhecimento da arquitetura e urbanismo é por mérito e competência ser o responsável pelo desenho da cidade. Desenho em conceito amplo, da origem da palavra do latim design, que significa desígnio.

Em contraponto, a função social da engenharia – em especial a civil – é marcada pela resolução das questões técnicas para viabilização desses desígnios e vão além, marcando o protagonismo dessa ciência exata para a viabilização dos espaços concebidos pela primeira, que trata-se de uma ciência humana de origem.

Como arquiteto urbanista, eu sempre ventilei a hipótese de os arquitetos serem excelentes formuladores de perguntas e, os engenheiros, excelentes elaboradores de respostas. E é essa simbiose profissional que nos aproxima intelectualmente e corrobora com a nossa coexistência.

Essa hipótese se mantém nos projetos de obras absolutas como uma casa, um edifício, uma ponte. Mas hoje não se aplica na escala urbanística. Explico.

De um lado, temos um manancial histórico de urbanistas brasileiros reconhecidos internacionalmente, pensando e debatendo o presente e o futuro das cidades, com todas as suas complexidades advindas de uma ciência humana: os prismas econômicos, sociológicos, construtivos, geográficos, climáticos.

De outro, calculistas brilhantes com um conhecimento implacável sobre sua ciência de natureza exata e que conhecem os meandros da materialização de seus projetos nos desafios brasileiros de execução. Sem contar o controle sobre novas tecnologias construtivas, consoante às pautas contemporâneas.

O primeiro, com suas pautas imprescindíveis, têm suas questões diluídas na atual agenda política e por sua vez, o segundo, é cerceado de seu repertório materializador, comprimido sob as urgências urbanas infraestruturais, frutos de decisões equivocadas de outrora ou, pior, pela falta de decisões.

A união das ciências humanas e exatas – através do urbanismo e da engenharia – parece não ser só uma alternativa de realidade para manutenção da existência de ambos. A hipótese aqui ventilada é que o futuro das cidades passará inexoravelmente pela formulação de perguntas e questões consistentes somadas às suas respostas e proposições consistentes.

Essa nova engenharia urbanística irá para além de um trabalho equipe: poderá resignificar o papel da democracia nas cidades.

Hugo Louro e Silva é doutor, mestre e graduado em Arquitetura e Urbanismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie, onde é professor convidado nos Programas de Pós-graduação lato sensu nas disciplinas de “Empreendimentos Imobiliários Residenciais e Comerciais” e “Incorporação Imobiliária”, e da Universidade Municipal de São Caetano do Sul. Esta última é coordenador do curso de “Empreendimentos Imobiliários”

Matéria da revista AETEC nº50 edição.

Revista online

Boa leitura!

0 respostas

Deixe uma resposta

Want to join the discussion?
Feel free to contribute!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *