Mobilidade Urbana Inteligente deve Incluir Planejamento de Modais Alternativos aos Automóveis

A Região Sudeste do Brasil reúne ao menos 14 trechos de rodovias que operam muito acima do limite de sua capacidade, problema que vem piorando com o passar dos anos. A constatação foi feita em 2016 pelo Projeto Sudeste Competitivo, da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Um exemplo é o Rodoanel Mário Covas, que dá acesso à Rodovia Castelo Branco, em São Paulo, e encabeça o ranking da região: em horário de pico, há uma circulação de veículos 184% superior ao projetado.

Em 2019, um balanço feito pela equipe do Anda SP, com auxílio de dados do aplicativo Waze, revelou que as marginais Pinheiros e Tietê são as vias mais congestionadas da capital paulista no período da manhã (entre 6h e 8h), de segunda a sexta-feira. Em terceiro lugar nesse ranking vem o trecho urbano da Rodovia Raposo Tavares, na Zona Oeste de São Paulo, com pouco mais de seis mil registros de lentidão.

Dividida pela Rodovia Raposo Tavares, considerada uma das mais congestionadas do país, a cidade de Cotia (SP) vive um impasse diário que perturba a mobilidade da população. Um percurso simples de cerca de 20 quilômetros, por exemplo, saindo da cidade até a Avenida Faria Lima, em São Paulo (SP), pode levar até duas horas e meia para ser feito no período da manhã. Como o planejamento urbano inteligente poderia proporcionar meios de se minimizar este cenário?

A resposta pode parecer simples, mas envolve estratégias para múltiplos modais de transporte. Ao se proporcionar acesso universal, via transporte público de qualidade, para que a população nas periferias consiga se locomover até as regiões centrais, ou centros comerciais como a Av. Faria Lima, o alto número de automóveis poderia ser reduzido, em partes.

Outra alternativa bem-vinda é estimular a chamada mobilidade ativa, que envolve pedestres e ciclistas, em modais que não geram poluição e ainda contribuem para a saúde pública. Para isso, é preciso segurança viária, com deslocamento seguro dos usuários em todos os modais. Afinal, não podemos nos esquecer que pedestres, ciclistas e motociclistas são os grupos que mais morrem no trânsito, segundo as estatísticas.

Além disso, é possível se pensar numa “mobilidade verde”, que abrange deslocamentos com baixa ou zero emissão de carbono, por meio de veículos elétricos e outras fontes renováveis que não agridam os recursos naturais. As cidades precisam de um desenvolvimento sustentável para serem preservadas para as gerações futuras também sob o viés da mobilidade.

Voltando à questão do transporte público mais acessível, seguro e de boa fluidez, isso precisa ser visto como prioridade de deslocamento em detrimento dos veículos automotores individuais, que tendem a ser ainda mais reforçados no cenário de pandemia em que estamos, devido à busca pelo isolamento social.

Se forem levados em consideração no desenvolvimento de uma estratégia inteligente de mobilidade urbana, esses são pontos que, na minha análise, seriam os mais relevantes na estratégia sustentável para cidades como Cotia, na Grande São Paulo, e municípios com panoramas similares.

Sobre o iCities

O iCities foi fundado em 2011 com a visão de que as cidades devem ter papel muito mais proativo no desenvolvimento da sociedade. Dentre os projetos de maior relevância da empresa estão a vinda e organização do maior congresso do tema de smart cities de Barcelona para Curitiba – o Smart City Expo Curitiba. O iCities também trabalha com consultoria para projetos de smart city para municípios de todo o país.

Cassiano Ferreira Novo. Mestre em Psicologia do Trânsito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e professor do curso Expert, de capacitação em smart cities, promovido pelo iCities. Sócio-diretor da empresa Mobilidade Segura Educação e Tecnologias, tem 18 anos de experiência em consultoria corporativa no ramo.

Matéria da revista AETEC nº 32 edição.

Revista online

Boa leitura!

1 responder
  1. Marcos
    Marcos says:

    Parabéns pelo conteúdo deste blog, fez um ótimo
    trabalho!
    Gostei muito.
    um grande abraço!!!

    Responder

Deixe uma resposta

Want to join the discussion?
Feel free to contribute!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *