GANHOS ECONÔMICOS E AMBIENTAIS DA CONSTRUÇÃO CIVIL SUSTENTÁVEL

A construção civil brasileira cresceu 17,7% no biênio 2021/2022, muito acima do PIB nacional, cuja expansão acumulada foi de 8,2%. Os reflexos desse aumento seguem visíveis a olho nu em numerosas capitais e cidades grandes, com grande volume de obras, que estão alterando a paisagem urbana. Em 2023, a projeção de incremento é de apenas 1,5%, mas poderá ser maior em função da retomada de projetos federais, estaduais e municipais de habitação popular e do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Dentre os resíduos gerados pela construção civil, dois se destacam: os resultantes da lama bentonítica e os provenientes de fossas sépticas.

As obras realizadas pelas construtoras, em todas as vertentes (habitacional, comercial e infraestrutura) criam milhares de empregos e renda, reduzem o déficit habitacional e melhoram a logística e os transportes, contribuindo de modo expressivo para o crescimento econômico e a modernização do País. No entanto, produzem distintos resíduos, cuja destinação deve atender à legislação e aos órgãos federais, estaduais e municipais de fiscalização e, sobretudo, evitar danos ambientais e à saúde pública, multas e desgaste de imagem das empresas.

Dentre os resíduos gerados pela construção civil, dois se destacam: os resultantes da lama bentonítica e os provenientes de fossas sépticas. A primeira é um efluente constituído basicamente por água e bentonita, nome genérico da argila composta de mineral silicato hidratado de alumínio. Sua aplicação visa propiciar a sustentação do solo em escavações de fundações. Exatamente por ter densidade que se sedimenta rapidamente, pode ser prejudicial ao meio ambiente quando descartada de modo incorreto, impedindo a oxigenação e, assim, prejudicando a fauna e flora.

A fossa séptica, utilizada na etapa de escavações e perfurações, é uma unidade de tratamento primário na qual se realiza a separação da matéria sólida contida no esgoto. Seus efluentes são pastosos e resultam do acúmulo de dejetos biológicos. Se esses efluentes não forem tratados e
destinados adequadamente, ocasionam a poluição do solo e corpos d’água, além do risco de sanções legais e até interdição da obra.

A boa notícia é que há solução ambientalmente adequada para a destinação dos efluentes referentes à lama bentonítica e à fossa séptica. Para que a empresa responsável pela obra esteja em conformidade com as leis e normas, é necessário um gerenciamento correto, que passa pelo condicionamento, transporte apropriado e tratamento eficiente para que sejam eliminados os poluentes. Os resíduos devem ser coletados e transportados para uma estação de tratamento. Esta operação exige cuidado e caminhões especiais, que disponham de sistemas de vácuo de extrema eficiência. A equipe envolvida também precisa estar capacitada sobre como fazer o manuseio, seguindo recomendações das normas vigentes para que se evitem acidentes e contaminações.

Melhor ainda se esses efluentes forem reintroduzidos no ciclo econômico, num processo de economia circular, transformando-se um passivo ambiental em produto gerador de empregos e renda. Em um ciclo sustentável completo, que reduz a poluição, preserva as reservas naturais
de matéria-prima e acarreta ganhos socioeconômicos, o tratamento e reciclagem dos resíduos da construção civil demandam a atenção dos órgãos fiscalizadores e a conscientização de empresários do setor.

Um exemplo bem-sucedido de como todos esses quesitos podem ser atendidos é a produção de fertilizantes agrícolas a partir dos resíduos da construção civil, industriais, rurais e dos esgotos. É o que faz a Tera Ambiental. O material é transportado por caminhões para sua unidade no município de Jundiaí, onde é processado. Como resultado, os efluentes tratados são devolvidos à natureza e 100% dos lodos gerados são transformados por compostagem em adubos orgânicos que podem ser utilizados em todos os tipos de plantios, inclusive o paisagismo, que é parte significativa dos projetos residenciais e comerciais.

Ao destinar os resíduos corretamente, transformando-os em novos produtos como adubo as construtoras cumprem a lei, preservam o meio ambiente urbano, protegem seus trabalhadores e a população do entorno das obras, têm benefícios de reputação, recebem o CDF – Certificado de Destinação Final e ainda ajudam a fomentar a agricultura, uma atividade de grande importância para o País. Todos ganham

Livia Baldo, especialista em gestão de resíduos e gerente da Tera Ambiental.
livia.baldo@teraambiental.com.br

Matéria da revista AETEC nº50 edição.

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