Fomos convidados pelo POLO GRANJA VIANA a acompanhar a visita monitorada à SALA SÃO PAULO (OSESP), junto a 20 arquitetos e designers de Interior. Chegamos às 10hs e fomos direto ao auditório, onde pudemos ouvir e ver o ensaio da OSESP – Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. Sob a regência da maestrina Marin Alsop, nos deliciamos com trechos da Sinfonia dos Salmos, de Igor Stravinsky, Sinfonia nº 6 de Tchaikovsky e Miserere Mei, Deus, de Gregori Allegri, que na mesma noite seria exibida. A música de concerto sempre nos descortina com segredos, e durante duas horas apreciamos com entusiasmo os acordes da OSESP com o Coro Acadêmico e o Coro da OSESP. A seguir almoçamos muito bem no restaurante local. Das 13 às 14h tivemos a visita monitorada, onde destaco a simpatia e conhecimento histórico do guia, no mesmo gabarito que encontramosno exterior.

Geralmente os espetáculos ocorrem nas quintas, sextas e sábados. Mas que tal assistir a um concerto gratuito no domingo? Em quase todos, às 11h, a Osesp ou orquestras parceiras realizam concertos matinais gratuitos na Sala São Paulo. Os ingressos ficam disponíveis na bilheteria do 1º subsolo ou no site do Ingresso Rápido, a partir da segunda-feira anterior ao concerto. Contudo, além da música clássica, sabia que o prédio da Sala São Paulo abriga muita história? Você pode agendar uma visita monitorada agora mesmo e descobrir muita coisa que já aconteceu nela! Durante o passeio, os guias contam a história do edifício que abrigou a antiga estação central da Estrada de Ferro Sorocabana no período áureo do café e hoje é sede da OSESP, além de abordarem a importância da Sala São Paulo como patrimônio histórico e marco da cidade; o processo de restauro e revitalização pelo qual passou no final da década de 90; e o projeto de sua construção, acústica, estrutura e detalhes sobre o funcionamento da sala de concertos. Para não perder a viagem, agende ou confirme sua visita antecipadamente. O preço da entrada foi de apenas R$5,00 para esta visita, www.osesp.gov.br.

CASA DA OSESP É UMA DAS DEZ MELHORES SALAS DE CONCERTO DO MUNDO

O especialista Trevor Cox, professor de engenharia acústica na Universidade de Salford e autor do livro Sonic Wonderland: A Scientific Odissey of Sound, incluiu a Sala São Paulo nessa lista, ao lado de importantes salas, como a Berlin Philharmonie, a Philharmonie de Paris, a Tokyo Opera City Concert Hall e a Grosser Musikvereinssaal, de Viena.

Ele destaca o desafio que foi construir a Sala São Paulo em uma área que era anteriormente o pátio ao ar livre de uma estação de trem; elogia a beleza da sua arquitetura, que aproveita as enormes colunas originais da antiga Estação Júlio Prestes; e explica as características do teto móvel, que permite que a acústica de cada concerto seja ajustada conforme o repertório a ser apresentado. A sala tem 3 elevadores. O principal movimenta o teto, que pode ficar desde 6m acima da orquestra, como a 25m, algo inédito no mundo. Outro elevador fica mais ou menos onde se localiza o regente. Tem um espaço oval que desce para o solo para trazer grandes instrumentos como pianos, o que observamos in loco, pois quando voltamos do almoço os dois pianos já não estavam no palco. As 3 fileiras de cadeiras atrás da orquestra podem ser abaixadas, para ampliar o palco, quando a orquestra precisar comportar mais de 200 instrumentistas.

Projetado por Christiano Stockler das Neves em 1925 “período em que a cidade, estimulada pelo café e pela ferrovia, crescia em ritmo acelerado” o prédio, marcado pela sobriedade dos ornamentos e detalhes do estilo Luís XVI, seria concluído somente em 1938.

Inaugurada no dia 9 de julho de 1999, a sala São Paulo tem capacidade para 1 498 espectadores, estacionamento para 600 carros. É a sede da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo e do Coro da Osesp. A renovação começou em novembro de 1997, mas os primeiros passos foram dados em 1995, sob a supervisão do arquiteto Nelson Dupré. O governador Mário Covas visualizava a Estação Júlio Prestes como um espaço ideal para apresentações sinfônicas, uma vez que faltava ao Brasil lugares adequados para este tipo de apresentação.

A Estação Júlio Prestes foi construída entre 1926 e 1938 para ser a sede e ponto de partida da Estrada de Ferro Sorocabana – uma empresa criada pelos barões do café para transportar o produto até ao Porto de Santos, quando a política de construção de ferrovias era prioridade no país. A Sala São Paulo era um jardim de inverno sem teto, planejado para a primeira classe, com palmeiras imperiais. O projetista da estação baseou seu projeto em um estilo eclético, descrito como neoclássico Luís XVI, uma reação ao estilo barroco, no qual o prédio é marcado por ornamentos que predominavam na época. A reforma foi feita sob a direção dos arquitetos Nelson Dupre e Nepomuceno.

Os engenheiros que trabalharam na transformação do Hall em 1998 tiveram dificuldades em conciliar a tecnologia de hoje com a conservação histórica. O antigo trem foi substituído por um gigantesco guindaste de 150 toneladas. Esta foi a única maneira de transportar as imensas vigas a 25 metros de altura, que mais tarde se transformariam em parte da estrutura que suporta o teto ajustável ao longo do novo corredor. A obra demorou 18 meses, prazo curto para os moldes do país.

Dupré tinha como desafios o isolamento e tratamento acústico, restauração e nova arquitetura, fato que levou o arquiteto a buscar inspiração em outros auditórios e salas de concertos citadas como referências na América do Norte e Europa, analisando todos os detalhes que atendessem às necessidades acústicas e estruturais, tais como palco, sistema acústico, áreas de apoio, acessos e fluxos.

A consultoria acústica estadunidense Artec definiu alguns padrões para a ocupação do antigo Grande Hall da Estação como sala de concertos e sugeriu a utilização de um forro móvel que garantiria a flexibilidade acústica da Sala, que tornaria possível a adequação da acústica ao espetáculo, característica marcante da Sala São Paulo.

TETO DA SALA SÃO PAULO

O teto possui 15 painéis, cada um pesando 7,5 toneladas e são detidos por 20 cabos metálicos enrolados. Os painéis podem ser controlados individualmente, permitindo que o volume do hall possa ser ajustado para entre 12 mil e 28 mil m³. Isso garante que a intensidade de qualquer composição tenha o seu conceito acústico respeitado além de possibilitar a variação de seu tempo de reverberação, demora verificada entre a emissão de um som até sua inaudibilidade. Assim, uma sala reverberante como a Sala São Paulo pode ser chamada de ‘viva’, sendo capaz de alterar sua reverberação para que se adeque ao espetáculo, e flua o som com uma excelente acústica.

Os painéis podem ser ajustados independentemente ou em conjunto, através do uso de computadores, travas e sensores automáticos. Junto com o limite máximo da flexibilidade, 26 banners de veludo podem travar a 8 metros de altura, de acordo com as vibrações necessárias. É uma vantagem adicional, pois esse sistema une elementos da arquitetura original do edifício com novos conceitos de arquitetura.

Ao longo do teto, há uma cobertura de policarbonato com extremidades arredondadas, que respeita o conceito do projeto original do edifício, mas usa materiais mais modernos. Telhas termo-acústicas foram usadas, ao invés de cobre, e de policarbonato ao invés de vidro. Esse projeto possibilita a apresentação de qualquer tipo de conserto, pautada pela alteração da sala de consertos, gerada pela flexibilidade do forro com painéis moveis, além disso os elementos de composição foram concebidos para reflexão sonora multidirecional, atendendo a recomendações acústicas.

É composto por um baralho de aço reforçado, apoiado em uma grade de aço estrutural. O piso é anexado às colunas de suporte do equipamento eletromagnético para pendurar o forro, painéis, equipamentos e dutos de ar condicionado.

A qualidade acústica da Sala não se dá apenas pelo forro móvel, porém esse ocupa um papel importantíssimo junto com outros aspectos da composição do lugar, como a disposição dos balcões, o desenho das frentes dos balcões, o posicionamento do palco, a inexistência de carpetes ou cortinas, a espessura da madeira do palco, o desenho das poltronas – que se assemelham ao corpo humano, e assim, mesmo sem ser ocupado não influi na acústica – paredes pesadas, as irregularidades da arquitetura eclética do edifício existente. Tudo isso vai lhe proporcionar o melhor som do mundo, sem nenhum recurso extra.

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